Há controvérsias quanto à data da
fundação do município. Alguns historiadores citam 22 de agosto de 1904, outros 23 de abril de 1903, 23 de outubro de
1904 e 22 de março de 1904. O governo do Acre e a prefeitura
local utilizam o dia 22 de março de 1904 como o ano de
fundação para as atividades festivas da cidade. Que neste dia 22 de março de
2016 completa seus 112 anos de fundação.
Os primeiros habitantes da região
foram os índios das tribos dos xapurys (mais numerosa e que
originou o nome da cidade), catianas e moneteris.
A excursão de Manuel Urbano da Encarnação à foz do rio Xapuri,
em 1861,
foi o início da colonização da região. As terras, onde atualmente se localiza a
cidade, eram de propriedade do cearense Manuel Raimundo,
seringalista que chegou à região durante o Ciclo da
Borracha. Os seringais da região do atual município de Xapuri eram os
mais produtivos do planeta, fazendo com que a região se tornasse a principal
referência (em termos sociais, culturais e econômicos) do Acre em outras
regiões do país e também do mundo.
Toda essa importância fez com que
a região fosse palco de intensos entraves entre a Bolívia (país
que, de acordo com o Tratado de Ayacucho, era dono das terras do
Acre) e os moradores que ali habitavam, sendo grande parte composta por brasileiros oriundos
do Nordeste. A Bolívia exigia a saída dos moradores,
e passou a enviar tropas para ocupar a região.
Em 1902, a região de Xapuri
passou a ser integrada ao Território das Colônias, sendo ocupada por
autoridades bolivianas, a contragosto da população. Com o domínio da região e o
acordo feito pela Bolívia com um sindicato americano, o Bolivian Syndicate, os
habitantes começaram uma revolta contra a Bolívia, sob o comando do militar
gaúcho José Plácido de Castro.
Plácido e seus homens atacaram a Intendência
Boliviana de Xapuri no dia 6 de Agosto de 1902, derrotando as
autoridades e exército boliviano, proclamando o Estado Independente do Acre. Era o início
da Revolução Acreana, que só terminaria quando o
Exército Acreano dominaria a Intendência Boliviana na cidade de Puerto Alonso,
atual Porto Acre.
Durante a Revolução Acreana (Agosto de 1902 -
Janeiro de 1903), Xapuri teve um papel de destaque, pois a vila era o principal
reduto do Exército Acreano, formado por seringueiros e ex-combatentes na Revolução Federalista, liderados por
Plácido.
Era a partir da Vila Xapuri que
Plácido e seus homens se dirigiam às demais Intendências Bolivianas instaladas
na região. A vila também foi palco de intensos combates entre o Exército
Boliviano e o Exército Acreano.
Em Abril de 1903, Xapuri se tornou
Capital do Acre Meridional.
Após a Revolução Acreana, Xapuri passou por anos
"dourados". Na época movida e dirigida por famílias de comerciantes
de origem sírio-libanesa, o município esbanjava luxo no pequeno centro urbano,
e ocultava a situação de miséria social a que eram submetidas as famílias que
moravam no interior da floresta, extraindo o látex.
A partir da década de
1970, o município voltou a chamar atenção. Por conta da queda do
preço da borracha e da abertura da região para a agricultura e pecuária pelo
governo militar, muitos seringais foram vendidos para fazendeiros, oriundos
principalmente do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. Os fazendeiros
ordenavam a saída das famílias de suas colocações e, na maioria dos casos,
usavam da força para isso, destruindo as casas e deixando os moradores ao
relento. Além disso, os fazendeiros começavam a destruir a floresta, tirando,
além das casas, o trabalho e o sustento das famílias seringueiras. Começou um
conflito entre os seringueiros, indígenas (depois chamados de Povos da
Floresta) e sindicalistas contra os fazendeiros que ali chegavam.
Nesses conflitos, muitos
sindicalistas importantes, como Wilson Pinheiro, foram assassinados e os crimes
de seus assassinos ficaram para sempre impunes. Ao redor dos conflitos
destaca-se o nome de Chico Mendes, seringueiro, e que depois se
tornou líder sindical, político e ambientalista. Chico Mendes organizou
movimentos pacíficos contra a destruição da Floresta Amazônica e a favor dos
direitos dos Povos da Floresta. Chico Mendes organizou debates e palestras para
discutir a situação da região, além de ter feito inúmeras denúncias contra a
forma com que os fazendeiros e o governo brasileiro estavam tratando a
Amazônia. Sua luta passou a ser acompanhada e reconhecida por ambientalistas e
ONGs em defesa do Meio Ambiente, culminando no Prêmio Global 500, oferecido
pela ONU. Entre as ideias e conquistas de Chico Mendes estão as Reservas
Extrativistas e Reservas Indígenas, criadas a partir da década de 70.
As conquistas de Chico e as suas
repercussões ao redor do mundo passaram a incomodar os fazendeiros e
autoridades do Acre e do Brasil, fazendo com que Chico recebesse inúmeras
ameaças de morte, chegando ao seu assassinato em 22 de dezembro 1988. Apesar de sua morte,
Chico Mendes deixou um legado importantíssimo na história do movimento
ecológico mundial.
Mudanças no cenário político
municipal ocorreram após a morte de Chico Mendes, e alguns de seus companheiros
foram eleitos para cargos do legislativo e executivo, tanto no município de
Xapuri quanto no Estado do Acre.
Parabéns princesinha do Acre
pelos seus 112 anos!!
Fonte: Wikipédia