Durou apenas três minutos a solenidade de desembarque do PMDB do Governo Federal nesta quarta-feira (29/3). Aos gritos de "Brasil para frente, Temer presidente" e "Fora PT", o Diretório Nacional da legenda decidiu, por aclamação, que, a partir de agora, nenhum militante do PMDB poderá ter cargo no governo. O Ministro da Secretaria de Aviação Civil, Mauro Lopes, já avisou que entregará a carta ainda hoje.
A dúvida até o momento é em relação ao Ministério da Agricultura, liderado por Kátia Abreu, senadora pelo estado do Tocantins e amiga pessoal da presidente Dilma. Caso ela deseje permanecer no cargo, como tem sinalizado, ela deverá deixar a legenda e optar pelo PSD. "A partir de agora, é a decisão de cada um, mas cada um sabe que a cabeça do PMDB neste momento defende que nenhum militante tenha cargos do Governo Federal", declarou o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco.
Moreira afirmou que o consenso interno obtido pelo partido é fruto de muita conversa, característica essencial à política. "O PMDB precisava tomar uma decisão, o país caminha para o terceiro ano de recessão, o desemprego aumenta, e o governo jamais apresentou um planto para tirar o país da crise. O PMDB já apresentou sua proposta", declarou Moreira, em uma alusão às diretrizes econômicas contidas no documento Ponte para o futuro.
Durante a reunião, o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirmou que o PMDB precisa se preparar para exercer o poder. Segundo ele, o partido, ao longo dos últimos anos, tem exercido o papel de coadjuvante e "algumas vezes um péssimo coadjuvante".
Ainda para Jarbas, a demonstração de unidade hoje do PMDB, que decidira por aclamação o desembarque imediato do governo de Dilma, é a demonstração que o partido esta em sintonia com as ruas que não aguentam mais o pais quebrado e esta sobre administração do PT.
O deputado até admite que se dê um prazo para os ministros deixarem os cargos após a reunião de hoje, mas acha inviável que algum deles permaneça no posto, contrariando os deveres partidários. "Se isso acontecer, que se coloque para a fora (o ministro)." Jarbas afirmou ainda que as ameaças, que vem sendo feitas pelo PT de que Temer será o próximo a cair, fazem parte da estratégia petista de agir. "Quem primeiro gritou fora alguém foi o PT pedindo a saída de Fernando Henrique Cardozo. Eles fazem oposição a si próprios".
Fonte: Correio Braziliense