Pesquisa da CNI mostra que setor não repassou aos preços dos produtos o total do aumento dos custos, o que reduziu a lucratividade das empresas
O aumento dos custos industriais se acelerou em 2015. O crescimento médio dos custos foi de 8,1% no ano passado, a segunda maior alta anual da série iniciada em 2006. Mesmo com a redução média de 2,2% dos custos com tributos, o indicador foi puxado pelo custo de produção – que inclui pessoal, energia e bens intermediários –, que subiu 10,6%, e pelo custo com capital de giro, com alta de 16,3%. As informações são do estudo trimestral Indicador de Custos Industriais, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta segunda-feira, 28 de março.
Segundo a pesquisa, em 2015 houve mudança na tendência de estabilidade no aumento dos custos que, desde 2011, variavam anualmente, em média, entre 4,5% e 5,5%. Além disso, houve mais influência dos custos com bens intermediários importados e com energia na alta do indicador. A elevação do custo com bens intermediários importados se deve à desvalorização do real em 2015, que depreciou 42% frente aos valores de 2014. Já o aumento do custo com energia foi puxado pela alta de 51,1% no valor da energia elétrica devido ao acionamento das termoelétricas, mais caras do que as fontes hidrelétricas.
O crescimento de 16,3% do custo com capital ocorreu pelo alta na taxa de juros, que passou de uma média de 11%, em 2014, para 13,5% em 2015. “A elevação das taxas de juros, embora necessária para controle da inflação, gera altos custos de financiamento para as empresas e deprime ainda mais o investimento em momentos de crise”, destaca o documento da CNI.
Devido à crise econômica, a indústria não repassou para os preços dos produtos todo o aumento de custos, o que reduziu a lucratividade do setor. O crescimento do preço dos bens industriais foi de 7% no ano passado.
Já a desvalorização do real frente ao dólar contribui para a competitividade dos produtos brasileiros no exterior, já que, em média, os bens importados tiveram alta de 30,5%. Especialmente para os produtos norte-americanos o aumento dos preços foi ainda maior, de 34,4%.
Desempenho trimestral – O Indicador de Custos Industriais cresceu 3,3% no quarto trimestre de 2015 em relação ao terceiro trimestre, descontados os efeitos sazonais. Foi a maior alta trimestral desde o terceiro trimestre de 2013, indicando uma tendência de aumento dos custos ao longo de 2015. Apesar da alta dos custos, a indústria conseguiu elevar os preços em 4,3% frente ao terceiro trimestre, o que ajudou a recompor parte da margem de lucro, embora na média anual tenha havido perda de lucratividade.
Esse aumento foi puxado pela energia (alta de 10,7%) e pelos insumos (elevação de 5,7%). A redução de 5,2% nos custos tributários ajudou a conter a alta do indicador.
A pesquisa sinaliza ainda que a alta de alguns componentes do custo começa a ser repassada pela indústria de bens intermediários. O custo com bens intermediários nacionais teve crescimento de 5,3% frente ao terceiro trimestre, a maior variação trimestral da série histórica iniciada em 2006.