O artigo de hoje é destinado a falar e comparar o atendimento público, postura do servidor e da população.
Já notou que a nossa querida Rio Branco vem se tornando
fortalezas individuais até mesmo em áreas destinadas ao público em geral devida
ao número crescente de violência que vem conquistando cada dia mais espaço? O
pronto socorro, o prédio da justiça do trabalho entre outros vem ganhando
grades na busca para inibir as pessoas.
Recentemente observamos as reclamações dos servidores da saúde,
que por meio de suas representações colocam as agressões que vem sofrendo
dentro das unidades cujas quais trabalham e cobra a presença de seguranças. Mas
os seguranças tem conseguido exercer as suas devidas funções?
Quem sai da sua casa e vai em busca de atendimento médico,
sai por uma necessidade de saúde, não sai para passear nas unidades de saúde. Na
maioria das vezes, quando buscamos informações de procedimentos, sempre tem um
servidor de “ovo virado”, pois quando não distrata com desconfiança de que alguém
esteja mesmo passando mal, passa as informações pela metade e nesses casos, os
seguranças acabam informando melhor até do que quem é servidor por acompanhar a
rotina da unidade.
E Deus me livre pensar em responder grosseiramente um
servidor público, pois a todo momento somos lembrados nas paredes de que existe
uma lei que os protege. E quem nos protege desses maus servidores? Como lidar
com um profissional que trata o paciente com desdenho e negligência? Lembrando que
isso não é uma generalização, mas uma parcela mínima que desfaz todo o trabalho
dos bons.
Falo por experiência que tive há sete anos e levou a óbito o
meu pai. Fiz todo o procedimento de denúncia e não deu em nada devido ao corporativismo.
O que você faria se fosse com você? Difícil responder né? Passa um filme na cabeça.
O caso mais recente foi hoje, onde estacionei na frente de um
prédio público como faço todos os dias ao ir tomar café, quando fui abordado
por um senhor que ao colocar o carro no mesmo espaço, me disse que ali era um
estacionamento particular. Informei que ali não possuía nenhuma identificação
que se tratava de uma empresa ou setor privado. Ele rebateu dizendo para que
tomasse cuidado com o guincho que poderia passar por ali.
Tentei engolir a seco, mas não consegui. Rapidamente fui
atrás do Código de Postura da Cidade para ter certeza do que eu iria
argumentar. Pimba, achei. Me dirigi ao referido prédio e fui atendido por uma
janela, onde uma senhora me atendeu. Me apresentei e solicitei que me
informasse o nome da empresa ou da repartição, já que usava uma farda com o
brasão do estado.
Ela me questionou para que eu queria e informei que era para
tornar o meu pedido oficial de utilização de um espaço público. Ela se negou a
me passar e chamou outra pessoa. Repeti a minha apresentação, expliquei a
situação e que gostaria de oficiar para tornar algo oficial e não ficar só na
palavra. Também recebi a negativa de que me informaria o que era ali e que eu
deveria voltar na outra semana para falar com o chefe do setor.
Se o serviço e o servidor público é para o bem do público,
por que tanto mistério e negativa? Posso procurar meus direitos como cidadão
que foram negados? Sim. Se comigo que me considero com um pouco mais de
conhecimento de gestão público fui tratado assim, o que não passa as pessoas
mais humildes?
É difícil você sair em defesa de um todo dos servidores
públicos, quando nos deparamos com uma parcela mínima de servidores que
esquecem seu papel, as leis que regem a administração pública. Como que uma
pessoa que tem seus direitos feridos pode se manter centrado ao ser “sacaneado”?
Para existir e exigir direito igualitário, se faz necessário
praticar para depois receber. Não é todo mundo e nem todos os dias que a gente
tem a paciência para lidar com as situações. Terão dias que a gente vai descer
da cruz e resolver a parada no “braço”.
As pessoas estão tão cansadas disso que recorrem até a métodos
ameaçadores como dizer que pertence a uma facção criminosa para tentar obter um
tratamento diferenciado. Conheço pessoas que apelaram pra isso, afinal as
facções estão mais presentes do que o poder público e até se normalizam quando observamos
membros pertencentes falando na rua com naturalidade.
Durante minhas reportagens encontrei um pessoa que ameaçou pessoas
do posto de saúde como se fosse membro do crime e segundo informações, a célula
criminosa soube e a “convidou” a deixar o bairro.
A analogia que posso fazer de tudo isso é a história entre o
Batman e o Coringa. O Batman surgiu porque o Coringa o criou ao matar seus
pais. E o Coringa só veio a ser quem é porque o Batman não o ajudou a não cair.
Entendem o ciclo que se formou? Assim está nossa sociedade, se o poder público
e sua capilaridades que são os servidores não tratam com o devido respeito os
membros da sociedade, a resposta da sociedade é através da forma mais “efetiva”,
que é apelar para a violência. Seja física ou psicológica. Faça sua parte para
evitar esse tipo de situação e quebre esse ciclo vicioso.
Victor Augusto N. de Farias é jornalista, radialista, fotografo, sindicalista e acadêmico de direito.