Jornalistas de Cruzeiro do Sul realizaram um protesto pacífico em frente a Delegacia Geral do município, na quinta-feira (19). O movimento foi realizado após a prisão do repórter cinematográfico José Wiles Carvalho Torres, de 30 anos, enquanto registrava uma ação policial durante o carnaval. Segundo o repórter, policiais civis tomaram a câmera dele e apagaram as fotos no momento em que a prisão foi efetuada. Com mordaças na boca e um cartaz, a categoria repudiou a prisão do colega e exigiam o direito à liberdade de expressão.
O repórter cinematográfico José Wiles afirma que registrava uma ação da Polícia Civil, envovendo um outro policial que não estava de serviço, na madrugada de terça-feira (17), último dia de carnaval. Um dos policiais ordenou que ele apagasse as fotos e ele se recusou, sendo conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos. Ainda de acordo com Wiles, após perguntar se os policiais haviam bebido, foi levado para cela por desacato.
“Eu estava fazendo a foto de uma ação da polícia, nem imaginava que a ocorrência que eles atendiam era em relação a outro policial. Quando cheguei na delegacia, já muito estressado, um deles perguntou pela minha câmera, e eu falei que o outro tinha tomado. Então, eles me devolveram a câmera, eu recusei, expliquei que poderiam ter deixado danos no equipamento, e perguntei se eles tinham bebido, após as coisas que falaram para mim. Me levaram para cela, onde fiquei de 3 da manhã até às 10h, alegando desacato à autoridade”, relata.
Colega de profissão, o repórter Erisney Mesquita disse que já sofreu situação parecida. “Já passei por uma situação complicada dentro de uma delegacia aqui de Cruzeiro. Confesso que não é fácil. Nós sabemos que são instituições parceiras, e infelizmente uma única pessoa acaba denegrindo a imagem dessas instituições tão sérias da nossa cidade”, avaliou.
O repórter Francisco Rocha, que fez parte do protesto, enfatizou que a ação não pode ser entendida como um fato generalizado à toda classe policial, que sempre manteve parceria com a imprensa local, mas a um ato isolado que refletiu na classe dos jornalistas.
“Esse ato é para mostrar a união dos jornalistas de Cruzeiro do Sul. Não vamos baixar a cabeça para nenhum policial que queira intimidar nosso trabalho. A sociedade sabe que a imprensa sempre foi a principal parceira da Polícia Civil, Militar e da Justiça. Essas instituições são nossas parceiras, não queremos deixar que uma pessoa estrague todo trabalho de cooperação que vem sendo feito", relatou.
A repórter Luciana Teixeira, que também participou do manifestação, disse que a ação do policial foi truculenta e que pode refletir de certa forma no trabalho realizado entre as duas classes. “Nosso trabalho sempre foi feito em parceria com a Polícia Civil, tanto que nos programas, as notícias chegam primeiro a nossos leitores, telespectadores e ouvintes por causa desse trabalho de cooperativismo que temos”, enfatizou a repórter.
Os policias civis que encaminharam o repórter cinematográfico para delegacia tinham ido até o Centro da Cidade realizar a condução de um outro policial civil, que não estava de serviço, envolvido em uma briga no carnaval. Ao chegarem no local, encontraram o policial na triagem e foram em busca dos outros envolvidos na briga. No momento que os policiais faziam a abordagem dos outros envolvidos na briga, o repórter cinematográfico fez uma foto, sendo conduzido para delegacia.
O delegado Elton Futigame, responsável pela Delegacia Geral de Cruzeiro do Sul, explicou que o inquérito foi realizado pelo delegado Luiz Tonine, que se encontrava de plantão. De acordo com ele, o caso já está sendo investigado pela Corregedoria Geral da Polícia Civil e qualquer ato truculento é repudiado pela instituição.
“Qualquer excesso por parte dos policiais civis será apurado pela Corregedoria. A Polícia Civil repudia qualquer tipo de excesso ou de limite aos direitos de imprensa, uma vez que entendemos o papel e a importância da imprensa para sociedade”, explicou o delegado Elton Futigame.
Inf.: G1
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