É notório a ausência de nossas Odisseias Lovisticas há algum
tempo. Escritas que segundo já relatado por leitora dos tempos de jornal
impresso, capazes de causarem um Tsunami nas lingeries das mais finas as mais
caseiras.
O que me fez voltar a escrever, foram as sensações
adormecidas de longa data a voltarem a despertar. Reações de nervosismo adolescente
para um primeiro encontro, borboletas voltando a circular, memorias e projeções
futuras surgirem pelo simples fato de saber que ela nos observa.
A meus amigos que leem esse texto por falta do que fazer, eu
acho que com o retorno das chuvas, minha horta voltou a brocar com a chegada da
primavera. E por falar em flores, tudo despertou com o perfume dela.
Como tudo que os olhos alcançam se encantam ou reprovam,
nessa eles não conseguiram disfarçar suas admirações, os ouvidos desejando que
ela falasse mais e até o medo do contato pandêmico sumiu. Já o perfume dela
não!
Se eu dissesse que senti sensação semelhante estaria a
mentir. Já tive experiência com o cheiro me deixar anestesiados, agoniado,
sufocado, mas não como esse que parece ter ligado a chave enferrujada do
coração, semelhante ao Leôncio do Pica Pau ao se apaixonar pela bela do baile.
Nana Caymmi
já disse que Batidas na porta da frente é o tempo, eu bebo um pouquinho pra ter
argumento. Mas fico sem jeito calado, ela ri. Ela zomba num dia azul de verão.
Sinto o vento, há folhas no meu coração, é o tempo...
Seu perfume
me desperta tudo, as sensações, lembranças, sentimentos, desejos e ansiedades.
Mas assim como Caetano Veloso que deu uma nova vida para uma música de Fernando
Mendes, ela me causa questionamentos como, que faço eu da vida sem você? Você
não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer e te querendo eu
vou tentando me encontrar...
Incrível como
a perfeição da criação é capaz de causar no rabisco da humanidade conhecido
como homem...
Victor Augusto
N. de Farias é jornalista, radialista, fotografo, empresário, sindicalista e acadêmico
de direito.