Parece que se tornou algo “comum”
em nossa cidade e porque não dizer em nosso Estado do Acre a banalização da
vida. A impressão que se passa é de que a vida já não tem seu valor e
importância alguma para os que cercam aquelas pessoas em estado de fragilidade
mental, sentimental ou de alto confiança.
Recentemente participei de uma
atividade entre entidades que abordavam o tema de prevenção ao suicídio, pelo
recente crescimento de casos ocorridos este ano e na busca de conscientizar as
pessoas por meio dos veículos de comunicação, os trabalhos que são
desenvolvidos para tentar amenizar a doença que vem atingindo famílias de todas
as classes sociais acreana.
Uma das frases marcantes do
encontro foi a de que “a comunicação local reflete o anseio da sua sociedade”.
Após refletir sobre isso, conclui que de fato a imprensa local expõe aquilo que
a sociedade parece “gostar de ver”. A riqueza de detalhes e a necessidade de se
mostrar ou ver imagens das vítimas parece ser algo extremamente atraente e ao
que parece também motiva novos casos a surgirem.
Estamos vivendo um momento onde a
carga emocional é maior do que a própria razão de viver. A imprensa é vista
como sensacionalista. Até certo ponto concordo, pois todos querem sair na
frente por uma boa informação, mas acabam esquecendo do papel de filtrar o peso
da informação. Uns dirão que o que falo é um monte de besteira e que não tenho
propriedade para falar a respeito do assunto, e que darão a notícia conforme
ela é ou ocorreu, quem quiser se matar que o faça.
Ledo engano de uns colegas e da
sociedade. Já pensou no tamanho da sua responsabilidade ao saber que alguém
tirou a própria vida baseado na sua informação? Você avaliou o tamanho da sua
(ir)responsabilidade? Os profissionais mais experientes sabem como lidar com
isso sem tornar em algo espetaculoso. A sociedade se perdeu nas suas
prioridades e cabe a nós da imprensa tentarmos levar a razão a ela, mesmo que
não gere curtidas e compartilhamentos.
A mesma responsabilidade atribuo
a sociedade que lê, curte e compartilha como se fosse de extrema necessidade
expor a morte de alguém por conta de doença. Hoje é muito fácil e prático expor
a ferida alheia, mas se é com você, o negócio muda de figura, pois quem informa
as mesmas informações que você multiplica passa a ser o errado na história.
Você já pensou na sua responsabilidade em contribuir na morte de uma pessoa?
Durante dois momentos em minha
vida passei pela depressão, a ponto de ingerir medicação e colocar uma arma em
minha boca para dá fim aquele sofrimento que sentia. Um telefonema passou a
mudar tudo em minha vida. Uma amiga me ligou na hora e interrompeu o ato, desde
então passou a me acompanhar com tratamento até me encaminhar para outro
profissional.
Naquele momento fui egoísta com
todos que me cercam e que futuro daria a minha família. Hoje com maior
maturidade e mais centrado, consigo identificar os sinais daquilo que me fazia
mal, sim fazia. Naquela época, não existiam tantos meios de auxilio que temos
hoje em dia. O Pronto Socorro de Rio Branco possui um núcleo de auxílio a
pessoas com essa fragilidade, assim como o Ministério Público.
Procure apoio psicológico para
lidar com isso. Esse tratamento médico é algo que só diz respeito a você e seu
psicólogo ou psiquiatra. Conversar é a melhor maneira de iniciar a luta pela
vida. Não saia da vida para entrar em uma historia triste e sem um fim, saiba
escrever seu caminho, apoio do próximo e ajuda lado a lado não é vergonhoso, é
saber identificar boas amizades e ajudar quem se encontrava
na mesma ou em situação pior.

Victor Augusto N. de Farias é jornalista formado pelo Instituto de
Ensino Superior do Acre (IESACRE), empresário, rotariano, empreteco, membro do Lions
e presidente do Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Estado do Acre (Sinjac).
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