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Além do horizonte

*Victor Augusto

No decorrer desta semana, fui encontrando amizades que há muito não via e me deparei com algumas reflexões de vida, filosofia e até presença divina. Nos últimos tempos só ouço algumas pessoas dizendo que estou bem de vida, pois tenho um celular legal e de ultimo lançamento, que tenho um carro de bacana e certamente sou um filhinho de papai. Pura ignorância e como se diz no popular, o famoso “recalque”.

Como as pessoas são pobres de espirito ou tão pequenas quando se trata de vê os outros crescendo e se dando bem (de forma justa e sem pisar em ninguém). Quase que diariamente ouço essas alfinetadas, mas ninguém nunca parou para me perguntar como consegui. Sou filho de pessoas humildes e muito trabalhadoras, trabalho desde os sete anos e paguei meus estudos, tanto colégio quando faculdade vendendo salgado. Tudo aquilo que adquiri foi por meio de muita luta e suor.

Tenho uma amiga que vivia da venda de dvds piratas, quando foi determinado que era ilegal, ela procurou outra coisa para fazer. Pediu auxilio a Deus e mostrou um local para vender suas coisas, coisas estas que ela ainda nem tinha ideia com que iria trabalhar. Começou com uma mesa de metal daquelas antigas que se encontra nos melhores museus da cidade, como o Bar dos Papudos ou Bar do Cabeleira, três cadeiras e vendendo água de coco. Deus colocou pessoas para ajudar sem ela mesma perceber e hoje possui um ponto com ofertas diversas em seu pontinho. Sua renda deixou de ser R$108 por semana para uma media diária de R$800.

Recordei de um outro amigo que conheci ainda jovem e morava no mesmo bairro que o meu, com uma índice alarmante de drogas, violência e até prostituição. Ele é dito com preconceito por conta de sua cor de pele, marginalizado só pelo fato de ser filho de pessoas mais humildes e julgado por sua aparência. Apareceu uma oportunidade de se inscrever em um programa social, foi sorteado com uma bolsa de estudos que permitiu terminar o colegiado e sua faculdade de direito. Hoje já tem um bom nome conhecido no meio profissional e dá boas condições a sua família e ajuda quem antes lhe apontavam o dedo.

Recentemente algumas pessoas trabalharam em um evento particular aqui em Rio Branco e como não tinham informação sobre o simples fato de solicitar energia para manter suas tendas, acharam que aquela amiga que começou vendendo coco estava sendo beneficiada pelo governo. Resultado, elas arrancaram e cortaram toda a fiação do ponto da minha amiga. Não havia necessidade disso. Como o ser humano é tão pequeno que prefere fantasiar coisas ao invés de se informar.

Esses exemplos não são para serem seguidos, mas para refletir, pois onde existe boa vontade e determinação, além da fé nos planos de Deus em nossa vida, nunca faltará oportunidades. Oportunistas podem surgir aos montes, mas nada se compara a tranquilidade de se colocar a cabeça tranquila no travesseiro ao final de um dia duto de trabalho.

“...Além do horizonte deve ter/ Algum lugar bonito pra viver em paz/ Onde eu possa encontrar a natureza/ Alegria e felicidade com certeza/ Lá nesse lugar o amanhecer é lindo/ Com flores festejando mais um dia que vem vindo...”

*Victor Augusto é jornalistas, escreve para o jornal A Gazeta do Acre e é proprietário da Agência Ideia

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