Victor Augusto
O secretário de Segurança Pública do
Acre (Sesp-AC), Vanderlei Thomas foi infeliz em sua entrevista dada a uma rádio
local, quando atribui a culpa da violência que tomou de conta do estado, fosse
da imprensa, que veicula os fatos ocorridos nos municípios acreanos.
Esse tipo de declaração além de ser
caluniosa, menospreza o valor de cada profissional. Talvez o que falte ao
gestor da pasta, é a possibilidade de deixar seu gabinete e verificar as reais
condições em que se encontram os setores de segurança, como delegacias,
materiais e pessoas.
Por vezes nossos profissionais agem
como agentes auxiliares dos agentes de segurança, quando tentam preservar áreas
de curiosos, fornecendo papel e até internet para que boletins de ocorrência sejam
impressos para que não se de nenhum fato errado do que diz a realidade.
Assim como qualquer outro membro da
população, nos da imprensa também estamos correndo risco. Em Cruzeiro do Sul
temos jornalistas ameaçados por facção e por abuso de autoridade local pelo
simples fato de estarmos exercendo nossa profissão.
Talvez falte ao secretário, uma
atualização ou apresentação das redes sociais, que geram e publicam os fatos
muito mais rápido, o que nos leva a tomar o mesmo conhecimento que qualquer outro
cidadão possui, com a diferença que os profissionais da imprensa apuram os
fatos para repassar informações verídicas.
Dessa maneira, os profissionais têm
trabalhado e não com maquiagem de fatos ocorridos, como o caso do roubo de
armas em Brasiléia, onde a secretaria de segurança nos informou que tudo não
passava de uma “noticia fake”. O fato foi confirmado e veiculado por veículos de
comunicação de países vizinhos, todos os materiais locais e internacionais
confirmaram, e comprovam que se não fosse a imprensa ter noticiado, nem mesmo a
secretaria tomaria conhecimento.
Existem municípios isolados que
começam a surgir facções étnicas, exatamente, facções formadas por indígenas,
membros pertencentes ao Primeiro Comando Indígena (PCI), que transitam
livremente entre as fronteiras e são os maiores abastecedores de drogas. Não são
todos, não vamos correr o risco de generalizar, como fez o secretário.
Se passamos a ter parte da culpa
daquilo que não cometemos, faço o questionamento, se a secretaria possui
material para combate ostensivo ou de investigação já adquiridos, porque
somente após ao grande número de pessoas mortas, é que esse material aparece?!
Parlamentares de Assis Brasil pedem
socorro e não são ouvidos. Acabou aquela calmaria onde os moradores se reuniam
até mais tarde nas ruas. Existem dias de toque de recolher, onde a rua pertence
ao crime e não mais da tranquilidade.
E as crianças mortas nessa guerra? Eu
mesmo tive uma arma apontada e fui chamado de vagabundo por conta de um
celular, que eu comprei com meu trabalho. Será que eu deixei de ser vítima para
apoiador? O secretário esquece que se não fosse o trabalho desses profissionais
da imprensa que pegam sol e chuva, a população não teria um fio de esperança e
crença no poder público de segurança. Se formos comparar o bom e o ruim em uma
semana, seria pífia as positividades nos últimos tempos.
Não estou aqui querendo causar
qualquer tipo de conflito entre imprensa e agentes de segurança, pelo contrário,
quero o mesmo respeito que destinamos ao trabalho de todos que também saem de
suas casas, deixam suas famílias para tentar manter a ordem e segurança de
nossa cidade. Assim como qualquer outro cidadão, os agentes que lidam com a
população, infelizmente são os para choques e que acabaram sendo
responsabilizados por algo que não é atribuição deles, assim como nos da
imprensa.
Antes de nos apontar o dedo para
atribuir culpa a imprensa, faça uma reflexão e veja o que de fato está
ocorrendo. E reforço, corremos mais riscos por estarmos exercendo nossa
profissão nas ruas, do que o senhor no seu gabinete. O tempo da censura já
passou e queremos o mesmo respeito que damos por estarmos trabalhando.
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