Dezembro chegou e reparei que ainda não havia exercido uma
das praticas mais antigas do universo masculino, um dos quesitos obrigatórios, renováveis
e sustentáveis. A cantada. A manobra de da em cima da costela de Adão e que
desejos juntar a nossa, nada mais é do que uma revolução de Mao Tse-Tung.
Querem ver uma história que representa muito isso? Recordam
de Hitch: O conselheiro amoroso ou de O que As Mulheres Gostam?! Existem
mulheres que a gente canta no jardim da infância para dar o primeiro beijo lá
pelos quatorze, quinze, e olhe lá.
Mas é necessário que a cante sempre, não aquela cantada
localizada e objetiva, falo do flerte, do mimo, do regador que faz florescer,
como numa canção brega, todos os adjetivos desse mundo. A cantada de resultado,
aquela imediata, é uma chatice, insuportável, se eu fosse mulher reagiria com
um tapa de novela mexicana, daqueles que fazem plaft!
Um bom flerte surge de dentro, surge das oportunidades e
até das observações. E mais importante ainda depois que rolam as coisas, depois
que acontece, aí a cantada vira devoção, oração dos pobres moços a todas elas.
Porque cantar só para uma noitada de sexo é uma pobreza dos
diabos, qualquer um animal o faz. E cantar Deus, o mundo e as filhas do
Raimundo com a mesma arma, é demonstrar fraqueza e falta de criatividade. Toda
mulher merece seu momento, mesmo que o mais simplório gracejo. A cantada pode
ser a porta das preliminares para o cinquenta tons de cinza de uma vida inteira
ou até que o tesão se acabe.
Explico: é espalhar pacientemente a devoção a todas as
mulheres como quem espalha sementes nos campos de lírios. Mesmo que elas digam,
com aquele riso litografado na covinha do sorriso, que você diz isso para
todas.
E claro que para cada uma dizemos uma loa, fazemos uma
graça, não repetimos o texto, o lirismo, o floreado. Porque amamos mesmo as
mulheres. Cantemos indiscriminadamente, e que me perdoe o velho e bom Vinícius
de Moraes, mas cantemos sobretudo as ditas feias, esse conceito cruel e
abstrato de beleza. Elas merecem, até porque as feias não existem, nunca
conheci nenhuma até hoje.
Não por sermos generosos, piedade, ou algo do gênero. É que
a dita feia, quando bem cantada, vira a super fêmea, para lembrar a bela
pornochanchada com do Arnaldo Jabor.
A cantada permanente e indiscriminada é irresistível,
quando você menos espera, acontece o que você tanto sonhava. Ter que cantar
sempre a mesma mulher e parecer que está apenas de passagem, que o estribilho é
sempre novo, nada de blá blá blá dos arrochados cantados em lojas.
Mostre seu lado cabra
macho de ser e cante, mesmo que seja um amor de férias. E não esqueça de usar o
“saquinho de leite” se avanças as etapas, porque no final de ano só podemos ter
duas certezas nesta vida: O décimo terceiro acabar e você compra o novo cd da
Simone!
0 Comentários