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De pirataria a formalização


Victor Augusto (Agência Ideia)


“...Todo dia ela faz tudo sempre igual / Me sacode às seis horas da manhã / Me sorri um sorriso pontual / E me beija com a boca de hortelã...”

Você deve está achando estranho iniciarmos esse relato com uma música de Chico Buarque, mas foi assim o primeiro contato com Francisca Sirqueira da Silva, popularmente conhecida como Kinha, proprietária da Barraca da Kinha, localizada nas mediações do estacionamento do estádio Arena da Floresta.

Com boa música e um sorriso no rosto, ela vai recebendo os clientes que aos poucos vão chegando para se alimentar ou de passagem só para bater um bom papo. Além de oferecer suas guloseimas gastronômicas, Kinha também oferece ombro amigo.

Pirataria

Mas até chegar a esse ponto, Francisca Sirqueira ralou muito, pois ela e seu marido, Fernando Roberto da Silva estavam desempregados e com dois filhos para criar, a Maria Eduarda de 12 e o Fernando Júnior de 7. Não encontrando serviço, ambos recorreram para a informalidade, no caso a pirataria de CDs e DVDs, onde tiravam por dia um valor de R$120,00. Mas havia o problema da fiscalização, que sempre geravam aquele corre-corre.

Não querendo passar por esse “aperreio” Francisca e o marido decidiram mudar o ponto de venda e passaram a comercializar na Avenida Amadeu Barbosa, onde havia grande fluxo de pessoas passando para suas caminhadas ou lazer entre familiares e amigos. Até que um dia a fiscalização apreendeu todos os produtos.

Venda de cocos

“Foi uma situação muito difícil para-nos, a primeira coisa que me passou foi como iria ter o dinheiro da alimentação do outro dia. Mas sempre tive uma fé e vendo aquela situação, um senhor nos consolou e perguntou por que não vendíamos água de coco?! Eu disse que nem coqueiro tínhamos, ele ofereceu os cocos e um jogo de mesa” disse Kinha.

A partir dai Kinha e o marido começaram outro tipo de renda, com a venda dos cocos doados, as pessoas que também usavam a via passaram a desejar outras coisas. Aos poucos Kinha foi oferecendo sanduiche natural na semana e rabada aos finais de semana. Com o crescimento da freguesia, Kinha teve que buscar novas acomodações. Kinha ganhou do mesmo senhor dos cocos uma barraca e queria saber quem era aquele anjo.

“Eu mês questionei como um senhor que não nos conhecia se colocava tão a disposição, quando lá descobrimos se tratar do senhor Bené do Cavaco. Sou muito grata a ele, que até fiado nos fazia em sua distribuidora” destaca Fernando.

Empreendedor individual

Kinha ficou sabendo do empreendedor individual e dos benefícios, onde buscou saber mais pela internet e o 0800 570 0800 da entidade. Não satisfeita procurou a sede e obteve outras informações e possibilidades de cursos que foram apresentados durante as palestrar empreendedoras. E das facilidades em obter capital de giro junto aos bancos.

 “Com a minha regularização e criação da minha empresa no Sebrae, pude abrir a conta no banco e fazer um empréstimo considerável para expandir minha tenda, oferecer o serviço de cartão de crédito já que muitos não usam dinheiro com medo de assalto, contratar mais pessoas e montar uma estrutura melhor para os clientes. Agora meu próximo passo é concorrer ao Mulher de Negócio e quero trazer esse prêmio para o Acre” enfatizou Kinha.


Barraca da Kinha
Com o crescimento da clientela e do espaço, Kinha e o marido precisaram contratar uma pessoa para auxiliar. Com as novas despesas e precisando melhorar o espaço, Kinha soube sobre o Empreendedor Individual e buscou se regularizar o que permitiu que ela abrisse conta no banco, assinar a carteira de trabalho da funcionária.
Com a regularização da empresa, Kinha pode participar de grandes eventos realizados pelo Governo Estadual e Municipal, como Expoacre, Carnaval e Feiras, além de arraiais, festas de final de ano e fornecer alimentação para empresas privadas.

Segurança e lado social

Kinha fala que além de vender seus produtos, ela também ajuda quem precisa, sempre que aparece uma pessoa necessitada, ela oferece o que comer.

“Não posso negar o direito de uma boa refeição aqueles que mais precisam, trato todos como iguais, o mesmo cuidado que dou para quem pode pagar, também uso ao servir que não tem nada. Hoje são eles, amanhã posso ser eu e não quero que ninguém me negue um prato de comida. Sei o que é você sentir fome e não ter de onde tirar e graças a Deus, nunca faltou para nossa família” disse Kinha.

Com os constantes roubos de cobra na cidade, a Avenida Amadeu Barbosa também foi alvo dos ladrões, o que também inviabilizava a venda de seus produtos. Ela e o marido passaram a adotar um sistema próprio de segurança, onde decidiram abrir um pouco mais tarde e estender a oferta até a madrugada.

“As pessoas estavam sumindo com medo dos assaltos e decidimos tomar como nossa responsabilidade a segurança do local. Certo dia e por volta das três da madrugada, surpreendemos dois rapazes roubando os fios de energia, onde demos uma “carreira” neles, só não conseguimos detê-los e entregar para a policia, porque um grupo de pessoas desocupadas e bebendo deram cobertura para eles, mas também não voltaram mais” enfatizou Fernando.

Expediente

A Barraca da Kinha hoje possui uma combi e um carro popular que realizam o transporte dos alimentos, duas tendas, dez jogos de mesas e um cardápio diversificado. Os interessados em conhecer mais sua história e suas guloseimas podem encontrar de segunda a segunda, com exceção das quartas de folga, na rotatória do Arena da Floresta a partir das 17h.


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