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Rompendo paradigmas: em apoio ao Dia da Visibilidade Trans servidor vai trabalhar de drag

Poderia ser apenas mais uma data comemorativa, mas para Ágata Power, drag queen no Acre, esse é um dia de militância, tolerância e respeito. Buscando uma forma de se solidarizar com a luta pela visibilidade e direitos trans, Igor Martins, criador de Ágata, resolveu quebrar paradigmas no ambiente formal do trabalho, na Universidade Federal do Acre. 

A ideia surgiu depois de Ágata ir ao baile de final de ano da universidade. Recebeu olhares de diversas maneiras, questionou-se e se colocou no lugar das pessoas transsexuais que passam diariamente por todos os tipos de situações. Depois de tanto pesquisar, Igor descobriu que hoje, dia 29 de Janeiro, é o dia da Visibilidade e procurou usar sua drag para defender a causa trans. 

“Eu resolvi ir pro baile da universidade vestido de drag, e fui,  e depois fiquei pensando nesse aspecto de ter ido pra um lugar onde as pessoas me conheciam como Igor no meu dia a dia, mas não conheciam a drag. Pelos olhares das pessoas e tudo o que encarei naquela noite eu fiquei pensando nessas pessoas que são transsexuais e que muitas vezes não se sentem felizes nos corpos que estão e querem transicionar, no caso, das meninas trans que querem se vestir de mulher, querem trabalhar, querem se sentir normais. Me questionei “será se existe um dia, ou alguma coisa em prol disso?” E pesquisando na internet eu descobri que Janeiro é o mês visibilidade transexual e nesta terça, dia 29, é o dia da visibilidade trans”, conta. 

Igor pode ser Ágata a hora que quiser, e também, voltar a ser Igor no momento em que passar por algum constrangimento enquanto faz a performace. Ele explica que resolveu ir trabalhar de drag como uma forma de empatia. 

“As pessoas trans não, elas fazem isso pensando em se sentirem contentes com o que elas veem no espelho, vestidas como elas querem, como se sentem bem. Então, fazer isso pra mim foi de certa maneira um exercício de empatia pra me fazer um ser humano melhor, um homem melhor, enxergar o universo feminino de outra maneira, mais até do que a arte drag me fazia enxergar e, também um trabalho, um serviço que eu acho que posso fazer por essas pessoas, de trazer isso à tona porque a gente sabe existe, mas é invisibilizado”, destaca. 
Para Ágata o dia de hoje é de respeito e tolerância. “É preciso que as pessoas comecem a pelo menos, respeitar e tolerar e verem que isso não é uma doença, que não é contagioso e que ela não vai pegar. As pessoas trans precisam ser inseridas nesses buraços que a sociedade não os deixa entrar. Isso já seria uma grande vitória. Eu acho que tolerância e respeito seriam palavras de ordem nesse dia”, finaliza. 

Medo 

O Brasil é um dos países que mais mata LGBTs+ no mundo. Segundo o Grupo Gay da Bahia, foram registradas 429 mortes de LGBTs+ só em 2018, dessas, 39% são trans. Diante desse cenário, Igor conta ter tido um pouco de medo ao ir para o trabalho hoje. 

“Apesar de o ambiente ser um pouco mais desconstruído que outros a gente não tem total confiança. Mas eu pensei que o simples fato de eu existir e de ser homossexual já é uma resistência porque o fato de eu estar vestido de mulher é só algo a mais pra eu ser alvo de preconceito,  mas eu já sou alvo de preconceito, posso ser alvo de preconceito a qualquer momento porque sou gay. Eu já que estou no mesmo barco das pessoas trans, porque então, não fazer esse serviço, ajudar de alguma maneira a mostrar par as pessoas que isso é normal?”, desta ele. 

Aceitação pelos colegas 

Estagiária há um ano, Caroline Lamar já acompanhava Ágata pelo instagram, e para ela foi normal conhecê-la pessoalmente. Caroline ressalta ainda a importância de ações como essa. “Eu já acompanhava a Ágata pelo instagram do Igor e pelo instagram da Ágata também. Então, foi uma pessoa que eu já conhecia através das redes sociais vindo pra cá. E achei que foi uma ação muito legal da parte do Igor e da ágata de trazer esse dia da visibilidade trans de um jeito diferente, de um jeito que as pessoas possam refletir”, destaca. 

Foi a primeira vez que Márcio Chocorosqui viu Ágata pessoalmente, antes ele só a via por fotos. Segundo ele, não há motivos para ele deixar de fazer e de ser o que gosta. “Não vejo porquê ele deixar de fazer e,  por quê ele não fazer? Quer dizer, ele não tem que se censurar, ele tem que realmente fazer o que ele sente  vontade. Acho muito bom e apoio, e tomara que cada vezes ele se sinta feliz na forma de se mostrar. As pessoas têm uma visão muito equivocada de que tudo de só tem um ponto de vista, uma só maneira de se olhar alguma coisa, isso acaba não sendo correto porque todas as pessoas tem um maneira de se ver”, destaca.

Além de colega de trabalho, Edmê Gomes é amiga de Igor, e lembra que durante toda a história os homossexuais foram reprimidos nos ambientes familiares e formais. Ela fala ainda a necessidades de os espaços serem preenchidos por todos, independente de qualquer coisa, e que no caso de Ágata a arte drag seja aceita.  

“Quando a gente fala de arte no teatro e no cinema, a gente consegue ver uma maior absorção, mas em ambientes mais formais a gente ainda vê muita dificuldade, então hoje é um dia importante pra gente falar que todos os espaços são espaços para todos, embora esse todo seja diferente, mas são espaços que podem ser ocupados por todos”, destaca.

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