Dia desses estava deitado ao lado de meus pais em sua
cama, como todo e bom filho que adora vê televisão no meio dos dois, fui
surpreendido pelo meu pai me pedindo desculpas e que gostaria de ter a
possibilidade de dá coisas melhores para minha irmã e eu, para que pudéssemos
viver só para estudar, ter uma folga de dinheiro no final do mês e que minha
mãe não tivesse mais que trabalhar.
Aquilo me tocou muito forte, pois meus pais sempre
trabalharam a vida toda, nunca nos deixaram faltar nada souberam maquiar muito bem os tempos de vacas
caquéticas quando tinha meus sete anos. Lembro que passamos baixo nessa época e
que muitas vezes eles deixavam de comer para garantir o meu e de minha irmã.
Nada daquilo que ele me disse, me fez pensar na vida
agradável que teria e que muitos queriam. Naquele momento só tive a reação de
agradecer pelo sentimento e carinho que ele dedicava na sua expressão, mas nada
melhor do que fazer algumas revelações a ele.
Decidi rever pra ele que aos 15
anos de idade, fui participar de um encontro de jovens na cidade de Belém, onde
consegui negociar preços do hotel mais barato, arrumei quem dividisse a despesa
e estava tudo dentro do orçamento apertado que levei para custear tudo isso.
No decorrer do encontro, discuti
com o colega de quarto, por discordar das idéias malucas de pegar as meninas
por meio da bebia, aquilo me soava como ato extremamente covarde. Resultado,
ele levou metade do meu dinheiro e fiquei naquela cidade por quase uma semana. Sem
conhecer ninguém e viver no hotel, onde tomava um reforçado café da manhã e as
frutas eram meu almoço, a noite gastava o mínimo com as famosas pizzas
brotinhos.
O que fazer ali? Chorar e me
desesperar ligando pra casa pedindo ajuda e deixando meus pais mais preocupados
do que eu? Não. Decidi buscar algo que me rendesse alguns trocados. Estava num
hotel bom, onde estava tendo pelo menos cinco eventos. Conversei com as
organizações e com o pouco que ainda restava de trocado, comprei uns CDs e fui
vender todo o material dos encontros.
Daquele atrevimento consegui
pagar o hotel tranqüilo, pude voltar a me alimentar bem e ainda fui conhecer a
cidade, que as vésperas de voltar encontrei uma tia que ao me ouvi me deu mais
uns trocados. Obrigado Tia Elmira! Voltei pra Rio Branco e nunca tinha falado
anda até aquele dia.
Eles me olharam extremante
assustados e questionando porque eu não tinha ligado. E ia adiantar preocupar a
distância?! Tenho muito orgulho de meus pais que por vezes desistiram de ter
dias mais tranqüilos para ajudar parentes que se deram bem na vida e não
olharam pra eles com o mesmo carinho. Mas isso mostra que pessoas perseverantes
conseguem mudar as suas historias.
Não reclamem de coisas que
poderiam ter mudado, aprenda a viver o momento, saiba enxergar as
oportunidades. Meus pais me ensinaram a correr atrás, a me virar. Hoje eles
voltaram a mexer com salgados, almoços e lanches bem ali pertinho da
prefeitura, no antigo Mr. Café. Passe lá e veja essas figuras incríveis que
eles são, a dona Maria e o seu Manoel Coelho.
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