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Atire a pedra no primeiro civic

Por mais que o apelo das ninfetas seja sempre renovado nos sermões da mí-dia, nada como uma legítima afilhada de Balzac, que sempre terão o seu lugar mais nobre no altar das nossas devoções, intimidades e lindas pornografias.

O melhor de tudo isso é que a discípula de Balzac esticou lindamente a sua beleza e sobrevida. Se no século XIX, o conceito ficava restrito a uma mulher de 30 anos, não mais que isso, o balzaquianismo hoje, com o avanço da ciência e dos cosméticos, começa dos 60 para cima, idade em que elas estão “no ponto”.

Tudo esteve em grande nova evidencia com Anita que o encontro de um homem maduro com uma gazela em flor rende bons dramas, teatro, cinema, novelas...  Além de riscar, o fósforo do desejo no cangote de mocinhas, senhores grisalhos ou cafas propriamente ditos.

Para ser ninfeta, basta ter pouca idade e frescor; para ser uma balzaquiana ou lolita é preciso ser uma menina má, impiedosa, de modo a ferver a testosterona no juízo alheio, como no modelo clássico.
Carece ter, como na lição de “Mon amour meu bem ma femme”, peça bregolírica de Reginaldo Rossi, “esse corpo de menina, e esse jeito de mulher”.  

Uma ninfeta pode ser tão somente uma menina chata, cri-cri, cheia de nove-horas até na alma. Raramente uma ninfeta se torna uma lolita, são poucas, embora muitas acreditem que estão sendo o máximo.

Mesmo assim, com toda maldade de uma lolita como Lurdinha, nada se compara a uma afilhada de legítima de Balzac. Jamais vale a pena trocar uma mulher dessa faixa, com seu ritmo e o seu luxo de existência, por duas de 17, 18, 20, como sugere a clicleria do ramo.

Muitos homens caem nesse conto óbvio da pouca idade, largam precipitadamente as suas fêmeas, enfiam-se debaixo dessa arapuca amadora do desejo como um pássaro amador e faminto. Seria o inconsciente incendiado pela invenção do incesto?

O pior é que a explicação talvez não seja tão freudianamente sofisticada assim. Homem é tão retardado e demora tanto para crescer que, mesmo depois dos 40, se encanta com gazelas que têm, de alguma forma, a sua idade mental, a sua falta de madureza.

Ah, nada mais irritante do que a pressa de viver e o sexo fast-food das ninfetas.
Não têm paciência sequer para um jantar demorado, com drinques e boa conversa. Não têm a linguagem amorosa do diálogo e estão longe de saber o que seja minimamente um companheirismo.
 Não têm sabedoria nem mesmo para dormir de “conchinha” ou “colherzinha”, o lindo sono dos amantes de verdade.

Ah, velho Balzac, comigo a beleza tem mão contrária: troco fácil, fácil, uma dupla de gazelas por uma só criatura da tua costela.

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