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Bazar do Chaves

Este ano fará três anos que perdi meu maior amigo que já tive e terei na vida, a que saudades do meu paizão. Se vivo estivesse, certamente estaria caducando com seu primeiro netinho, que leva seu nome, o pequeno Manoel ou Manoelzinho. Mas devemos respeitar a vontade de Deus, por mais que a gente queira divergir.

Meu pai foi tão presente em nossas vidas que mesmo após sua partida, não tem um só dia que a gente não recorde dele. E sempre são recordações boas, recordações alegres e cheias de graça. Pensando nisso, decidi compartilhar algumas de suas peripécias. Meu pai era um ser de alegria e bondade, não falo por ser meu pai, mas pelas homenagens que dedicaram a ele e as historias que contavam de quem conviveu com ele.

Certa vez a chave do disjuntor do relógio de energia da minha casa começou a apresentar defeitos. Meu pai tinha o habito de char os amigos para realizar o serviço, quando não apareciam, ele mesmo fazia o serviço. Se assegurou que estava tudo sem energia e localizou o problema na chave que não estava com resistência.

Eu na minha santa inocência perguntei se ele queria ajuda e ele aceitou. Me delegou a missão de ir comprar uma nova chave no seu Zé, um vizinho goiano da melhor qualidade, mas neste dia estava fechado. Voltei e repassei o ocorrido. Então ele me autorizou a ir mais longe. Sim eu fui criado e ainda sou do tempo que se pede autorização para os pais.

Ele autorizou e disse que eu deveria comprar no Bazer do Chaves. Ué, Bazar do Chaves? “Esse é um empreendimento novo pai?” Questionei. Ele me explicou que ficava próximo dos correios. Eu retruquei umas duas a três vezes que desconhecia o local até que enfezei o homem. Um sábio e didático como qualquer descendente de cearense ele me diz - “meu filho você é burro ou o que? Se você me voltar aqui sem essa chave, você vai apanhar”. Depois dessa motivação, o que retrucar mais? Andei toda a Praça da Bandeira e não encontrei.

Como a missão era levar a tal chave de disjuntor, comprei em um comercio que achei pelas redondezas da localização que ele me deu. Ao chegar ele me da outra anima – “Viu como você achou, meu filho você tem que aprender a viver, nem sempre estarei aqui com você”- Não satisfeito em não ter comprado no local indicado por ele, esperei minha mãe chegar e perguntei a ela onde era o tal Bazar do Chaves. Ela riu e disse que era o Bazar Chefe e que meu pai estava ficando doido.

Moral da historia, faça o que seus pais pedem independente do lugar, cumpra a missão, porque retrucar só vai te fazer apanhar. Meu pai fiou sem graça, pediu desculpas e riu com uma daquelas “gaitadas” que só ele dava. Eu ia apanhar de graça porque meu velho tinha trocado os nomes. Essa foi boa.


Victor Augusto N. de Farias (Bombonzão) é jornalista, empresário e sindicalista.

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