Estamos chegando ao final de mais
um ano e com ele volta àquela sensibilidade de avaliar as curvas e tropeças que
a gente leva na estrada da vida. Quando isso ocorre, os olhos ficam marejados,
pois vem à lembrança dos que se foram, dos que perdemos contato, da família,
dos amigos e sonhos que precisaram mudar com o tempo.
Cresci vendo meus pais
trabalharem desde cedo e aquilo sempre me motivou, e aos sete anos já arriscava
a trabalhar com eles, continuo até os dias de hoje. Os primeiros anos de minha infância
e adolescência foram crescendo, e trabalhando com eles na cantina do Colégio
Acreano, assim como a Cerb. Nas férias de meio de ano e o final eram períodos de
dificuldade, pois com o recesso escolar, a grana era zero, meus pais arriscavam
passar aquele momento com venda de salgados e tacacá na casa de uma tia avó.
Como se diz “aos trancos e
barrancos” íamos sobrevivendo, meu pai negociava a rematrícula de minha irmã e
minha com o professor Itamar Zanin, que sempre concedia essa oportunidade,
quando não dava, contávamos com a ajuda da tia Rosa (irmã do pai), que davam um
cheque pra garantir a escola e outro a feira do mês.
Na época do governador Binho, meu
pai muito humilhado pelo secretário de educação, fechou as cantinas e sempre
que meu pai ia atrás de saber das nossas coisas e da indenização por todas as
bem feitorias que realizou ao logo dos anos, era distratado. Algumas vezes
cheguei a vê-lo chorar escondido e fingi não vê.
Deus me deu uma família maravilhosa
e pais incríveis. Deus foi tão bom comigo, que me permitiu ainda desfrutar da
companhia do meu velho naquele que seria nosso último Dia dos Pais com os de
sempre, a turma lá de casa e da tia Rosa. Depois foram nove dias de agonia até
Papai do Céu o levar. Já se vão dois anos de sua partida e ainda tenho muitas
saudades dos seus abraços, beijos e carinho em tudo que fazia por nos.
Aos amigos que não sei e não
encontro palavra para definir. Em um dos momentos mais difíceis e recentes de
minha vida, foram extremamente prestativos e me resgataram em um momento que me
faltava chão. Familiares, amigos e colegas de profissão me serviram de apoio
para aqueles momentos.
Dia desses lembrava com minha mãe
que há três anos atrás a nossa geladeira parecia um coqueiro, só tinha água e
hoje temos a mesma com certa abundancia. Minha velhinha continua sendo forte em
seguir a luta sem seu companheiro de vida e faço o que posso pra ajudar. E mesmo
não conseguido fazer com o mesmo esmero, ela me agradece como se fosse ele a
realizar.
Sinto falta de algumas pessoas
que o tempo e circunstâncias nos distanciaram, mas se for para voltarmos a ter
aquela ligação, o tempo se encarrega de nos colocar do mesmo lado. Sinto que
cresci e me fortaleci, mas sempre conversando com Ele. Em algum momento
passaremos pelo deserto do aprendizado, alguns por um tempo maior, mas depois
tudo melhora e Deus é o responsável por isso,
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