A esperança de recuperar vidas e um sorriso

Se o sol nasce para todos, por que uma parcela da população não tem essa oportunidade?

 

O que deveria ser algo considerado normal, como a possibilidade de sorrir, muitas vezes se torna uma intimidação e alvo de preconceito para portadores de fissura leporina ou fissura labiopalatina.

 

Assim é a realidade das pessoas que possuem o erro congênito labial, vidas interrompidas por medo dos olhares e da rejeição da própria sociedade. Atores famosos relatam que suas vidas foram difíceis, além do normal para estabelecerem seus nomes e espaços aceitáveis pelo restante da população, que a cada 650 pessoas 1 possui essa falha, segundo a organização de saúde, como é o caso dos atores Stacy Keach e Joaquin Phoenix.

 

Essa é uma realidade vivida por parte dos cidadãos acreanos, que por receio de julgamentos, acabam se limitando ou excluídos dos ciclos sociais. Marias das Graças H. de Andrade é uma dessas pessoas que se não fosse o apoio familiar e ajuda da imprensa, carregaria de forma mais intensa as marcas dessa má formação.

 

“Por muito tempo tive essa fissura. Em 1990 fui fazer a primeira cirurgia e os médicos na época me deixaram na mesa de cirurgia por não saberem lidar e cancelaram o procedimento no Hospital das Clinicas. Minha irmã pediu apoio a imprensa e o governo me encaminhou para o Tratamento Fora do Domicilio (TFD). Esperei por cinco anos para poder fazer o primeiro procedimento fora do Acre e atualmente o suporte que possuo, é o que as faculdades oferecem”, destaca Graça.

 

Maria relata que mesmo com sua cirurgia, muito precisa ser feito e trabalhado com apoio de outros profissionais.

 

“A estética consegui realizar, mas me deixou sequelas. Sinto grande dificuldade em me comunicar com as pessoas, o que também tem me impedido de conseguir um emprego, pois em todos os lugares que vou, a resposta é a mesma, de que não preencho as especificações. Isso tem mexido com minha autoestima e psicológico. Não consigo entrar em uma faculdade. O apoio que tem é oferecido por uma das faculdades com seus atendimentos por meio de alunos e com a pandemia, tudo suspenso”, relata Maria.

 

Maria das Graças é uma católica com grande fé e acredita que Deus ajudará. Para sobreviver, a mesma se reinventa com a venda de seu artesanato.

 

“Para sobreviver vendo meu artesanato e para que não me isole por completo, presto serviços comunitário para a igreja. Trabalho com crianças e isso me alegra”, frisa a religiosa.

 

A acreana ficou feliz ao saber que a Câmara Municipal de Rio Branco aprovou por unanimidade o Projeto de Lei do vereador Antônio Morais (PSB) que coloca como obrigação do município, oferecer todos os serviços em uma unidade de saúde como referência na capital e com os profissionais necessários para o operatório, pós-cirúrgico e acompanhamento.

 

“Me alegra saber que existe esse projeto e que poderei buscar na rede pública esse apoio e que beneficiará outras pessoas”, diz Maria.

 

Para o autor do projeto, esse é um olhar diferenciado para uma parte da população que passa desapercebida por conta do preconceito das pessoas.

 

“Imagine você ter uma vida de oportunidades na frente e ser limitada pelo julgamento dos outros, levando essas pessoas a viverem praticamente escondidas em suas casas. Não queremos que isso se perpetue com as futuras gerações, precisamos ajudar a quem precisa, corrigindo essas falhas da sociedade e garantir que futuras gerações não passem por isso. Queremos assegurar que todos tenham acesso ao que é de direito”, defende Morais.

 

O projeto que foi aprovado será destinado a prefeitura para sancionar e aguardará publicação para acompanhar o prazo de instalação, e sua execução conforme o projeto original.

 

Victor Augusto – Assessoria Câmara


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