Nesta primeira série de reportagens, iremos abordar um dos produtos mais ricos e mais procurados como alimento ou mesmo bebida. Com uma tonalidade roxa e rico em proteínas, o açaí tem sido um dos produtos cultivados no Estado do Acre que tem sido procurado por outros estados.
A palmeira do açaí pode atingir mais de 20 metros de altura, e o fruto é formado em cachos. Cada palmeira costuma ter cerca de quatro cachos por ano e cada um deles pode produzir uma quantidade aproximada de três a seis quilos do fruto.
Além de cooperativas que comercializam o produto após um processo de industrialização. Ainda é possível encontrar o produto nos mercados municipais, como na banca do açaí, localizado nas proximidade dos mercados Elias Mansuor e Azis Abucater.
Aqui encontramos o Genivaldo conhecido como loro do açaí. Com anos de venda, ele acredita que o produto teria maior valor agregado se o poder público e instituições contribuíssem mais com o nivelamento de conhecimento e fiscalização. Ele lembra que em 2019 por conta de um caso isolado no interior do estado, muitos dos produtores e comerciantes do açaí tiveram prejuízo.
“Hoje dobrou o número de pessoas irregulares na cidade. A gente só perde com isso, pois eu pago todos os impostos e licenças, enquanto outros estão irregulares. Meu gasto mensal com combustível para buscar a matéria prima é de três mil, fora água, luz que se formos olhar a gente pensa em parar, mas quem sai prejudicado é o consumidor. Hoje uma lata de açaí é R$30 e daqui um mês ela vai custar de R$80 a R$100 por causa da concorrência de fora”, desabafa Genival.
Em Rio Branco, a poucos quilômetros da cidade, existe uma área de produção que também funciona como experimental e que já comercializa. Aqui o responsável pelo plantio e o senhor Alcino Neves.
Alcino é natural de Brasiléia, é empresário e diretor de uma organização que tem por objetivo, fortalecer as cadeias produtivas e auxilia os pequenos produtores por meio dos projetos e assistência técnica. Ele acaba desenvolvendo o trabalho que o próprio estado não consegue alcançar ou identificar.
“Produzir açaí para o pequeno produtor é uma grande saída econômica. Saber que o açaí é uma das principais cadeias produtivas econômicas do estado nos anima. Dentro do sistema agroflorestal usamos o açaí, cacau, café para que o produtor tenha uma rentabilidade o ano todo por meio das diferentes produções, um modelo de renda. A atividade que a gente disponibiliza por meio do projeto, a assistência técnica é algo principal para desenvolver as atividades produtivas e escala ao bioproduto do Acre”, destacou Alcino.
Nossa equipe de deslocou 228 quilômetros pela BR-317 até a Reserva Chico Mendes, localizada na cidade de Epitaciolândia. Lá conhecemos o senhor Severino Silva de Brito, um seringueiro que também aposta nas cadeias produtivas do Estado do Acre. Mesmo vivendo do extrativismo, Severino orienta e defende que é possível produzir e manter a floresta de pé, sem precisar desmatar como muitos jovens fazem para criação de gado como sustento da família.
“Se eu tivesse aqui cinco hectares de açaí, castanha, seringa e outras eu teria muito mais lucro. Aqui produzimos banana, açaí, seringueira, castanha, cupuaçu. Se eu tivesse mais espaço para plantar, eu ficaria tranquilo pois teria renda o ano inteiro. Para muita gente da reserva é condição. Defendo que todos possam trabalhar com produção e não só com gado. Mas os mais novo enxergam que essa é a maneira mais rápida para conquistar as coisas. Se tivesse uma assistência técnica, todos aqui estariam lucrando melhor”, disse Severino.
Além da produção e comercialização, o açaí de Feijó recebeu recentemente o selo de reconhecimento regional, o que agrega ainda mais valor ao produto que consumimos e tão característico do Acre.