Localizada a pouco mais de 200 km de Rio Branco, Manoel
Urbano foi o 12º município a receber, nesta segunda-feira, 16, a equipe da
Caravana de Cultura e Humanização, em evento promovido pelo do governo do
Estado, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) e Diretoria de
Humanização da Gestão Pública.
Já tendo sido conhecida como “Tabocal”, depois como
“Castelo”, quando era propriedade dos irmãos Jacinto e Valentim Ferreira Lima,
Manoel Urbano obteve sua instalação como vila em 1922, ainda pertencendo ao
município de Sena Madureira, do qual se desmembrou em 1943, passando a adquirir
a nomenclatura atual.
Lembranças de um povo
Durante a passagem da Caravana, sua equipe realiza o
levantamento histórico das cidades, a fim de garantir a visibilidade de
pessoas, bens materiais e imateriais, estabelecendo com a comunidade um canal
de comunicação por meio da oficina de comunicação patrimonial.
Soldado da Borracha de 1941 a 1945, Joanathas Lima Mendes,
93 anos, conhecido como “seu Janico”, morou em Manoel Urbano a vida toda.
Devoto de São Francisco das Chagas, dividiu suas horas entre o trabalho na
lavoura e o corte da seringa. Hoje conta em voz baixa e em poucas palavras o
que ainda tem de lembranças daquela época.
“Naquele tempo grandes embarcações passavam por aqui,
trazendo mercadorias de todas as espécies, traziam até dançarinas, mas essas eu
nunca vi. Havia festas também, mas dessas era mais difícil participar, o
trabalho consumia bastante o nosso tempo. A cidade mudou muito e posso dizer
que está bem melhor do que naquele tempo, com mais oportunidades de trabalho”,
avalia.
Outro personagem emblemático da cidade é Nazaré da
Conceição, 102 anos. Nascida no Seringal Bom destino e mãe de dez filhos, dona
Nazaré gosta de frequentar o forró para os idosos do município, sempre bem
arrumada e disposta a dançar até o fim da festa.
“Eu sempre gostei de forró, dancei muito com meu compadre
Janico. As festas naquele tempo eram mais organizadas e menos violentas, a
cidade era pequena e todo mundo se conhecia. Dançar é melhor do que trabalhar”,
afirma.
Irineida Nobre, representante do Departamento de Patrimônio
Histórico do Estado e responsável pela Oficina de Comunicação Patrimonial,
destaca a importância de envolver a população na Caravana. “Nós viemos trazer e
vivenciar com a comunidade o que é o patrimônio do Estado, falar como aquele
município é importante para a história do mundo, por que ele existe e tem
ancestralidade, todas essas ações da Caravana estão interligadas. É importante
ter esse contato direto com a população, com os personagens da história”, diz
Irineida.
Quem foi Manuel
Urbano?
Amazonense nascido no Manacapuru, foi o primeiro navegador
dos rios Acre, Purus e mais tarde do Juruá, a ocupação das terras acreanas por
brasileiros teve início em 1861, quando Manuel Urbano da Encarnação penetrou na
bacia do rio Acre, viajando por vinte dias até a nascente. Morreu aos 89 de
idade.
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