a privatização do réveillon de Rio Branco.
Hoje, 31 de dezembro de 2023, milhares de pessoas irão tomar de conta da Arena da floresta, o que acontece dessa vez é que diferente dos anos anteriores o governo resolveu segregar os espaços.
Com um investimento de mais de 3 milhões, o governo do Acre achou por bem camarotizar uma festa que deveria e foi anunciada como pública, em Rio Branco.
Vários sites de festa vem anunciando os camarotes regados de comida e bebida a partir de 280,00 reais.
O espaço público da rua, onde "brotaram" camarotes, autorizando empresários a explorar a comercialização de serviços exclusivos.
Nos bastidores, produtores se queixam da “reserva de mercado” do espaço para grupos empresariais ligados ao atual governo, o caso já foi denunciada ao Ministério Público, que ainda não dividiu com a população seu parecer.
O ato traz a tona algumas questões sociológicas, uma espécie de apartheid social.
Pobres no chão, ricos e autoridades nos camarotes? Onde fica a democracia racial?
A festa será mesmo democrática?
Até que ponto a cessão de espaços públicos para o setor privado atende ao interesse público?
Todo o processo não deveria correr de forma mais transparente?
E por que, além de ceder espaços públicos, o governo ainda repassa verba em forma de patrocínio?
Essas são apenas algumas das perguntas que não querem calar.
A polêmica sobre o réveillon privado em espaço público não está restrita à camarotização, mas também ao estacionamento e ao prejuízo que o pequeno empreendedor terá, estamos falando do impacto no fluxo de pessoas e na mobilidade urbana em todo o entorno da Arena da floresta.
Não é de hoje o desgaste do atual governo com o pequeno empreendedor, privilegiando uma gama de empresários, e dificultando assim o movimento nos eventos.
Prova disso temos o fiasco de vendas no carnaval do ano passado, sem falar que todos os anos temos fortes chances de chuva no local.
Nos últimos anos fazedores de cultura têm se manifestado em relação a isso, pressionando cada vez mais os poderes públicos a prestar contas sobre a condução das negociações com os o direcionamento do dinheiro público X as empresas locais.
Os cantores Tatau e Murilo Huff serão as atrações principais.
Elitização
Os camarotes privados em espaços públicos estão a serviço da separação de classes sociais.
É inadmissível que se privatize um espaço público, uma vez que o governador e seus secretários não querem se misturar com o público.
Nem todos têm 300 para se proteger da chuva ou ter mais segurança com seus pertences.
Lembrando que as pessoas mais importantes dessa festa foram as que pagaram pela vinda do cantor, com seus impostos.
A utilização das áreas públicas é de direito de toda a população, com isso seria de bom tom uma prestação de contas com a sociedade, em relação a quantos camarotes estão sendo comercializados, quais os valores atribuídos a essas sublocações, quais são as compensações que essas empresas que estão sublocando o espaço estão dando na área de segurança e mesmo ao patrimônio em caso de dano.
Quem vai assumir esses danos? Ao nosso ver tudo isso precisaria ficar mais claro e transparente para toda a sociedade, o governo deveria publicar uma cópia do contrato, do termo de permissão do espaço e suas resoluções normativas tal como o faturamento e investimento que o grupo privado obterá com a exploração comercial.
Tendo em vista que o interesse privado está se sobrepondo ao interesse público.
Sublocando esses espaços para serem explorados comercialmente por terceiros, há uma forte evidente prevalência do interesse privado sobre o interesse público.
Queremos ver o alvará de funcionamento, liberação dos bombeiros, teve inspeção? Quem será o responsável caso alguém venha se machucar nas instalações?
Quem terá a vista privilegiada? Tendo em vista que os impostos são os mesmos, são perguntas que ficam sem respostas.
Deixando apenas a certeza e lógica segregacionista do porquê de tanta criminalidade e tantos condomínios fechados na cidade.
Tudo acontecendo com total conivência da Prefeitura e do Governo do Estado.
Onde se convive apenas iguais com iguais, seja nos condomínios fechados, seja nas festas populares.
Dentro do sistema capitalista a iniciativa privada sempre vai tentar se expandir para obter lucro e caberia ao Estado o equilíbrio do jogo, atendendo aos interesses de todas as classes, uma regra que parece passar longe do jogo jogado no réveillon de Rio Branco.
Raquel Albuquerque é influenciadora e ativistas social
*O blog abre espaço para todos os seus leitores em relação a publicação de suas opiniões e não intervém, apenas garante a liberdade de expressão democrática.