Um dos maiores centros comerciais populares de Rio Branco,
capital do Estado do Acre, fica ou ficava no calçadão da Benjamin Constante,
homens da prefeitura chegaram no local depois das dez da noite deste sábado
(15) com as ordens de colocar todas as barracas no chão.
Uma das permissionárias que chegou ontem de viagem com novas
mercadorias foi surpreendida como outros que se encontravam no local. Sem qualquer
possibilidade de reação ou dialogo para tentar salvar as estruturas que
utilizaram por mais de vinte anos.
“O prefeito na campanha disse que não iria mexer conosco até arrumar um local para colocar todos. Eu pago aluguel da barraca, cheguei ontem com novas mercadorias e vou vender aonde? Vou trabalhar do que? Como vou sustentar minha família? Passaram outros prefeitos e nenhum fez essa covardia com a gente”, desabafou a permissionária que não conteve o choro ao vê seu ganha pão no chão.
No local o vereador Arnaldo Barros (PODEMOS) se disse
decepcionado com a atitude que segundo ele, foi uma ação covarde feita pela
gestão municipal.
Tentamos conversar com os homens que demoliam as estruturas,
mas não quiseram gravar, porém só disseram que com relutância estavam cumprindo
ordens de não deixar nada. O silencio desolador dos trabalhadores era notório a
cada batida para derrubar ou destruir mesas, bancos e barracas.
Um jovem de dezesseis anos estava inconformado com a situação e a impotência de não poder fazer nada. O pai estava preocupado com ele que andava de um lado ao outro.
“Meu filho está acompanhando nossa luta desde que nasceu,
cresceu dormindo embaixo das meses enquanto trabalhávamos para garantir o pão de
cada dia e tentar proporcionar uma vida descente a ele que na idade que está,
poderia ter sido corrompido pelo mundo do crime, mas preferiu seguir a luta
conosco. Preciso cuidar dele e logo vejo o que poderemos fazer”, relata o pai
inconformado.
Cerca de cinquenta pessoas não terão mais um ponto no centro
mais movimentado a partir de hoje. A população deve ficar atenta para segunda (17),
pois os camelos prometem para os carros na rua com seus produtos, fechando o acesso
de quem vem pela ponte Wanderley Dantas e pela Benjamin Constant desde o
senadinho.
“Nós fecharemos a rua principal e se mandarem o Bope, polícia civil e até a militar, nós ocuparemos a frente da prefeitura”, informou um dos vendedores.