A região da APA Lago do Amapá é uma das unidades de preservação ambiental de Rio Branco, com o diferencial de que é ela a responsável pelo resfriamento da cidade nos períodos mais quentes e em abastecer o aquífero do Rio Acre, principal fonte de água para a população.
Com a ausência de políticas públicas efetivas para a
preservação da área, os moradores são os responsáveis pelos cuidados e
manutenção daquela região, que recentemente vem enfrentando o desafio de frear
o progresso que chega por meio de empresários do ramo imobiliário que buscam a
desafetação da área para especulação imobiliária.
O processo de desafetação é o estudo que pode dizer se aquela
área poderá ou não influenciar no meio ambiente, que se for favorável aos
empresários, eles poderão não só comercializar aquela área, mas influenciar nas
vidas daquele local.
O novo empate entre população e empresários chamou a atenção
de outras entidades e instituições, assim como coletivos se aliam na defesa da
causa e que podem auxiliar na chegada do progresso, desde que se respeito as
orientações técnicas e ambientais.
“Estamos realizando esse evento para ouvir cada instituição e
os moradores, pois são eles os mais afetados nesse processo que a Federação do
Comércio está conivente e tanto o poder público municipal, assim como o
estadual não se posicionam a respeito disso e cabe aos moradores levantar a
voz. Estamos com entidades como Coletivo
Rio Branco, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, OAB, sindicato dos
turismólogos, WWF e a comunidade. Se não existir um respeito com a fauna e
flora dessa região, o preço será alto para todos que moram em Rio Branco”,
disse a presidente.
A organização internacional WWF se fez presente no evento e é
uma das responsáveis por manter a proteção ambiental da região, principalmente
no período de verão, momento em que ocorrem inúmeros focos de queimadas.
“Estamos presentes na defesa da APA Lago do Amapá, que é
responsável por abastecer a cidade com água, a purificação do ar, assim como
contém uma riqueza de fauna e flora, que em muitos casos já não se tem esses
exemplares em outros lugares. A WWF vem com aporte financeiro para manter uma
brigada de incêndio para os períodos de verão intenso, momento em que se mais
tem queimadas e orientando a evitar essa pratica cultural. E agora nessa
discussão de preservação de um bem comum para toda a cidade”, destacou Moacir
Araújo, representante da WWF.
Um dos pontos que deve ser discutido e inserido na
atualização do Plano Diretor é a situação da APA Lago do Amapá, que está sendo
cobrado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/AC) os estudos técnicos
feito pela Federação das Indústrias do Acre (Fieac) e o que os órgãos
fiscalizadores como Ministério Público (MP/AC) tem a dizer a respeito do
levantamento e ocorrências que levam a essas discussões.
“O conselho encaminhou uma nota ao Ministério Público para
saber o que está sendo feito e que medidas estão sendo tomadas, assim como
solicitou ao fórum de revisão do Plano Diretor, feito pela Federação das
Indústrias, os estudos técnicos que levam a esses resultados. Esse é um assunto
de interesse de todos nós e que precisa se dar a devida visibilidade para que
não soframos as consequências”, enfatizou Dandara Lima.
Empresário e morador da região, Rui Benjamim desafiou o poder
público e os presentes a andarem nos ramais da região de Amapá e identificar um
ramal que dá trafegabilidade de inverno a verão, se não for o ramal do Gurgel,
onde ele é o responsável pela manutenção e que responde a processo por fazer o
que deveria ser responsabilidade dos gestores públicos.
“Sou empresário e morador da APA Lago do Amapá desde sempre. Nasci, me criei e constitui família aqui. Desafio qualquer um dos gestores públicos a andarem nesses ramais e identificar qual deles dá acesso de inverno a verão, se não for o do Gurgel que sou eu quem faço a manutenção. Onde no ano passado fui denunciado por crime ambiental por colocar o resto de concreto que jogaria na manhã seguinte para manter o ramal. Há dezessete anos vendem um sonho que deve ter interesse para outros, como benéfico nos ramais, fortalecimento econômico e o que vemos é internet ruim, falta energia de qualidade e só nos enxergam em eleições. Cadê a concretização desses sonhos todos?”, desabafa Rui.
Servidor público, membro da Comissão Especial de Políticas
Profissional, Urbana e Ambiental do CAU/AC, e integrante do coletivo
Desenvolvimento Rio Branco, Clênio Plauto Farias relata que a pauta foi levada
ao grupo para discussão e que são a favor da preservação da área, sem a
interferência imobiliária.
“Essa foi uma pauta apresentada pela presidente da associação
e nós entendemos que é preciso manter a preservação da área, pois a desafetação
para venda imobiliária iria causar mais danos, pois fugiria do controle e o
desrespeito desenfreado pelo ambiente seria grande, colocando em risco a todos
e nós somamos esforços a essa luta coletiva”, esclareceu Clênio.
Na próxima semana está previsto o mobilização para cobrar o
posicionamento dos órgãos fiscalizadores. Caso haja um silêncio pelos órgãos,
as entidade estarão organizando manifestações maiores para expor a problemática
e intervenções de empresas.
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