Considera a princesinha do Acre, terra de Chico Mendes,
Xapuri traz em sua história o marco de lutas de um povo batalhador, também
mostra o resgate de vitórias modernas através do empreendedorismo.
Há dezoito anos atrás, Xapuri era referência nacional e com
relações internacionais devido as suas qualidades na extração biotecnológica
sustentável, quem lembra bem é o ex-prefeito e atual secretário da cooperativa
extrativista, Júlio Barbosa.
“Há dezoito anos o Acre tinha uma forte relação comercial com
a Itália, onde Xapuri era a referência com o seu polo moveleiro, onde chegou a
empregar mais de oitocentas pessoas onde duzentos eram jovens, levando
inclusive na troca de experiência, onde alguns foram fazer curso lá. Hoje retomando
essa valorização de comercializar o que se tira da natureza com
responsabilidade ambiental e com apoio da prefeitura, mais de trezentas famílias
retomam a extração da borracha que estava esquecida”, disse o secretário.
Através de uma parceria com a cooperativa em comercialização,
o Estado do Acre além de resgatar as atividades extrativistas da borracha,
passou a negociar com empresa francesa, responsável na venda de calçados
europeus, com matéria prima acreana.
“Por meio dessa parceria entre as cooperativas, famílias e a
empresa francesa, conseguimos com apoio da prefeitura, acesso a recursos de
incentivos, onde temos a meta de entrega de cento e setenta toneladas de borracha
ano, onde já estamos finalizando e que possamos vender, onde estimamos o valor
de mais de um milhão e meio com essa venda”, ressalta o conselheiro da
Cooperacre.
A meta é coletar 170 toneladas de borracha, onde cada família
chega a coletar quase 500kg. O negócio que estava quase esquecido deixou de ser
atrativo devido ao baixo valor de mercado. Com a mediação e incentivo da
prefeitura de Xapuri, o valor saiu de R$2,40 para R$3,88 que aliados aos
incentivos federal e estadual atingem R$15, tornando lucrativo e preservando a
mata, já que para ter acesso a esse benefício é necessário cumprir as regras
ambientais sugeridas pelos próprios seringueiros.
A retomada da extração e negociação entre cooperativas, torna
possível melhorar a qualidade de vida de mais de 300 famílias.
Raimundo da Silva Pereira é um dos seringueiros contemplados
e participante do processo. Ele relata que a profissão vem de família e pela
primeira vez se sentem valorizados e com possibilidade de melhores condições
através da preservação da área, assim como os incentivos.
“Foi com iniciativa da prefeitura ao possibilitar o
fornecimento de recursos e incentivos, que conseguimos voltar com a atividade e
colocar Xapuri nesta comercialização com a empresa francesa. Desde o meu pais tínhamos
dificuldades com o trabalho de extração da borracha e já corto seringa há
quarenta e nove anos, essa foi a primeira vez que o trabalho foi valorizado e
vale a pena, pois já trouxe diversos benefícios. A prefeitura garante a qualidade
dos ramais para escoamento, implantou escola e saúde para a comunidade. Aqui só
ganha quem preserva”, destacou o seringueiro.
O prefeito de Xapuri ressalta a importância de se apoiar as
comunidades extrativistas, uma vez que traz benefício e preserva a natureza.
“Esse é um trabalho que junta a comunidade local, as
cooperativas e uma empresa francesa. Os incentivos de preservação e o preço
justo possibilitam agregam valores a um marco histórico que deu origem ao Acre,
assim como a busca em manter a infraestrutura, possibilitando que essas famílias
permaneçam nas suas terras preservando a floresta, pois mantendo a floresta de
pé todos ganham, porque se ela cair, todos irão perder”, enfatiza o prefeito de
Xapuri, Bira Vasconcelos.
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