Olho rapidamente o celular que alerta a chegada de uma
mensagem. Coloco o aparelho no banco do lado e quando subo a vista, vejo a
única criatura que me faz perder o rumo, o coração se agita e sinto perder o
controle de mim mesmo.
Vejo ela a alisar o cabelo enquanto conversa e sorri com a
amiga do lado. Em menos de um segundo voltam as memorias, as sensações vividas,
o toque de pele, o sorriso largo ao admirar os olhos, o perfume que cativa, as
risadas altas, as cumplicidades.
Penso em baixar o vidro para falar, mas me limito a somente a
admirar. O carro parece me entender e logo o perfume dela entra, sugo cada
partícula daquela sensação em forma de aroma.
Que saudade de poder saímos para tomar algo, conversar por
horas o mesmo assunto que se dividia em várias etapas a cada retomada. O nosso
filme vem rolando até o momento da briga que nos impuseram sem imaginar que ali
seria a ruptura de duas almas enamoradas.
Quando me vejo revivendo todas as emoções e penso novamente
em baixar o vidro, sou interrompido pelo businaço que vinha atrás. Penso que
ela também me sentiu, pois olhou fixamente para o carro e me presentou com um sorriso.
Sinal abriu e volto a seguir meu caminho enquanto a vejo novamente ficando para
trás pelo retrovisor.
Agora me pego a escrever para lembrar que tenho que esquecer
e tentar acreditar que o ditado popular logo vai chegar, que para curar um amor
não correspondido, só um outro amor para bem querer e se ter.
Victor Augusto N. de Farias é jornalista, radialista,
fotografo e sindicalista.