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Precisamos falar sobre Fibromialgia


Certamente você conhece alguém que vive com dor, cansada, tem insônia, sem vontade de sair de casa, mas que “aparentemente” está bem, se alimenta, está “corada”, muitas vezes gorda ou magra, toma inúmeros remédios para dor, vive em consultórios médicos, mas nunca passa a dor e as reclamações. Sabia que essa pessoa pode ter a síndrome da fibromialgia ou simplesmente Fibromialgia?

De acordo com Sociedade Brasileira de Reumatologia[1], a síndrome da fibromialgia (FM) é uma síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura.

Infelizmente, a Fibromialgia é uma doença estigmatizada, quem sofre com os sintomas pode escondê-los ou evitar falar sobre eles para evitar qualquer tipo de preconceito. Sim, o fibromiálgico - pessoa que tem fibromialgia, sofre muito preconceito inclusive na própria família, no local de trabalho, amigos e etc.

Há quem opte por viver em silêncio com essa doença, o que piora muito o quadro além de efeitos graves na qualidade de vida e tarefas do dia a dia. O sintoma mais importante da fibromialgia é a dor difusa pelo corpo. O fibromiálgico geralmente, não consegue explicar com exatidão como suas dores começaram, se a dor é maneira localizada, se é uma dor generalizada ou iniciou-se no corpo inteiro. Quem tem fibromialgia sente mais dor no final do dia, no entanto as dores ocorrem também de manhã. É uma dor “nos ossos” ou “na carne” ou ao redor das articulações.

Como saber se tenho Fibromialgia? Quem devo procurar?

O diagnóstico da fibromialgia é realizado por exclusão e recomenda-se avaliar outras doenças que poderiam ser a causa dos sintomas antes de fazê-lo, como por exemplo: hipotireoidismo, artrite reumatóide, doenças autoimunes. E o profissional qualificado para isso é o médico Reumatologista.

A melhor maneira de combater o preconceito é falar abertamente sobre o assunto. Caso você tenha um familiar, amigo ou conhecido com os sintomas da fibromialgia, não julgue, procure conversar, encoraje e indique um profissional.

 

E para você assim como eu que é fibromiálgico, digo:

- Sua doença é real e você merece tratamento. Não se cale. Procure um médico reumatologista. Pode ser que na primeira prescrição o remédio não surta o efeito esperado, volte ao médico e diga que não está bem. Lembre-se que cada organismo é diferente um do outro, o que serve para uma pessoa pode não servir para outra pessoa.

Frequentemente p paciente com fibromialgia recebe o diagnóstico de tendinite, quando as dores acontecem nos ombros, coluna cervical e joelhos. Ademais, não há um exame específico para o diagnóstico da fibromialgia como por exemplo: uma tomografia ou exame de sangue.

O médico reumatologista identifica a doença pelos sintomas que o paciente relata e através de um exame físico, esse exame mostra os pontos dolorosos no corpo. A fibromialgia surge, muitas vezes, após um trauma físico e/ou psicológico.

A fibromialgia possui os seguintes sintomas:

- Fadiga (cansaço), sono não reparador (a pessoa acorda cansada)o que torna o paciente irritadiço e sempre cansado, ofegante;

- Ansiedade, se preocupa demais em saber o como vai ser o amanhã, questiona se vai ter dor de novo;

- Depressão, pois não consegue realizar visitas, ir ao shopping, cinema, viagens. A depressão está presente em 50% dos pacientes com fibromialgia. Isto quer dizer duas coisas: 1) a depressão é comum nestes pacientes e 2) nem todo paciente com fibromialgia tem depressão. Por muito tempo pensou-se que a fibromialgia era uma “depressão mascarada”. Hoje, sabemos que a dor da fibromialgia é real, e não se deve pensar que o paciente está “somatizando”, isto é, manifestando um problema psicológico através da dor.

- Alterações intestinais;

- A alteração do sono, afeta quase 95% dos pacientes. Como paciente, costumo dizer “acordo mais cansada do que eu deitei” ou “um caminhão passou sobre mim”, pois essa é a sensação que sinto. Com isso aumenta a fadiga, a contração muscular, a falta de ar e a dor.

 

- Falta de atenção e falta de memória é comum o paciente esquecer momentaneamente onde guardou um documento ou objeto.

O fibromiálgico possui uma grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura, além de inchaço, essa sensação de inchaço pode aparecer pela contração da musculatura em resposta à dor. Portanto evite tocar na pessoa com fibromialgia.

É comum que pacientes com fibromialgia tenham desconforto, quando estão deitados, nas pernas e sente vontade de levantar e sair correndo ou simplesmente esticá-las, na tentativa de melhorar essa inquietação. Mas esses são sintomas da Síndrome das Pernas Inquietas e também tem tratamento. Há ainda os pacientes que tem a Síndrome da Apneia do Sono, que interfere na qualidade do sono fazendo com que o paciente sinta muito sono durante o dia.

A fibromialgia é um problema bastante comum, visto em pelo menos em 5% dos pacientes que vão a um consultório de Clínica Médica e em 10 a 15% dos pacientes que vão a um consultório de Reumatologia[2].

Infelizmente, a fibromialgia não tem cura, mas existem adaptações no estilo de vida e medicamentos que podem fazer o controle prolongado dos sintomas. Como por exemplo: os exercícios, por exemplo, são grandes aliados do paciente, desde que acompanhado com um profissional qualificado, o exercício é a principal recomendação médica para o tratamento da fibromialgia. No entanto, não existe um tipo específico de atividade física. A atividade vai ser de acordo com os sintomas e preferências do paciente. Indico que você faça várias modalidades e encontre uma que lhe deixe confortável e que lhe seja prazeroso. O exercício mais comum é a hidroginástica, que além de diminuir a dor, o exercício melhora a ansiedade, o sono, depressão e a fadiga. Há ainda a possibilidade de fazer a acupuntura. Alguns pacientes relatam baixa tolerância ao exercício, o que é um grande problema, já que a atividade física é um dos grandes tratamentos da FM. Aliado ao acompanhamento com psicólogos e remédios prescritos pela médica remautologista, que certamente irão proporcionar uma melhor qualidade de vida.

Segundo o site brasileiro de reumatologia, de cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres. Não se sabe a razão porque isto acontece. Não parece haver uma relação com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da menopausa. Talvez os critérios utilizados hoje no diagnóstico da fibromialgia tendam a incluir mais mulheres. A idade de aparecimento da fibromialgia é geralmente entre os 30 e 60 anos. Porém, existem casos em pessoas mais velhas e também em crianças e adolescentes.

Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são:

a) dor por mais de três meses em todo o corpo e

b) presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos, de 18 que estão pré-estabelecidos).

 

Sobre as leis que amparam os pacientes fibromiálgicos temos um Projeto de Lei 4399/19 que inclui a fibromialgia no rol das doenças dispensadas de carência para o recebimento de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, benefícios pagos aos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A proposta, já aprovada no Senado, tramita agora na Câmara dos Deputados.  Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

Eu tenho 16 pontos dolorosos. Meu diagnóstico foi no ano de 2004, na cidade de Goiânia-GO, sofri e sofro muito preconceito, inclusive de pessoas da família e colegas de trabalho. No entanto, ao longo desses 16 anos, tive vários médicos e pessoas que diziam que as dores eram da minha cabeça. Que sou viciada em remédios. Já tomei várias medicações, sou uma das pacientes que não consegue fazer exercícios físicos e tenho outras patologias. Aprendi a conviver com a fibromialgia, não é fácil, mas tento todos os dias acreditar que amanhã será um novo dia e que poderá ser melhor do que foi hoje. Uso medicamentos controlados para dor diariamente.

 No facebook tem vários grupos de apoio aos fibromiálgicos. 

Em Rio Branco, indico as reumatologistas:

Dra. Gabriela Vasconcelos. Dra. Emanuele Kawada. Que atendem na Clínica Mederi, Telefone: (68) 99213-3016. Dra. Talita Ribeiro. Atende na Clinica Medicinarte. Telefone: (68) 98417-1819.

 

Marilene Púpio

Fibromiálgica há mais de 16 anos

 



[1] Sociedade Brasileira de Fibromialgia. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/orientacoes-ao-paciente/fibromialgia-definicao-sintomas-e-porque-acontece/

[2] Ibidem

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