Viver no Estado do Acre é algo ainda gostoso, mesmo com o que não presta chegando por essa região do Brasil, como é o caso do crime organizado. Mas a intenção desse texto é mostrar um pouco da nossa história tão presente.
Para você que não sabe, a formação histórica da capital começou do outro lado do Rio Acre, conhecido como segundo distrito. Ainda é possível verificar muitas casas e edificações de outras épocas e quando o rio baixa suas águas se encontra muita coisa dos tempos da revolução ou de característica indígena como já mostramos em fotos do fotojornalista Juan Diaz.
O acreano é um ser extremamente saudosista, ainda mais quando mora fora. Um dos lugares mais comentados por muitos a respeito de sua infância ou tempos de aluno do colégio Maria Angélica fica localizado na Travessa Natanael de Albuquerque, o famoso “Beco do Mijo”, quase em frente a bandeira, de número 63.
Estou me referindo ao Sobrado da Família Jarude, que pode aparentar certo abandono, mas se mantem firme ao longo de seus cinquenta anos, desde que foi erguida. Foi a residência, também foi abrigo para os índios que vinham a cidade em busca de atendimento da Funai e voltou a ser residência até os dias de hoje, habitada por um dos herdeiros, o seu Beto.
Quando cheguei também achei que estaria abandonada e fui tentar fazer uma foto, quando ouvi um barulho do outro lado, era o seu Beto, que meio desconfiado conversou comigo. Me apresentei e pedi autorização para fazer foto da casa. Ele me autorizou, mas que eu voltasse no outro dia.
Voltando no dia seguinte e no horário combinado, ele ainda desconfiado me recebeu. Não é para menos, do jeito que as coisas andam na cidade, um desconhecido entrar na casa da gente é de se desconfiar. Mas a medida que íamos conversando, ele ia se soltando e falando um pouco da casa, de como era a vida dos moradores daquela área e como mudou.
Ele relata que mesmo morando ali, com tudo trancado, ainda tem gente que pula o muro para roubar suas coisas e de seu filho. A coisa ficou mais descontrolada depois que a delegacia foi desativada e além de depenarem o prédio, muitos usuários fazem de moradia.
Voltando para a residência, ela tem sua estrutura firma e com qualidade, a única coisa que precisa é de uma mão de tinta que já está programada. A única rachadura da residência foi causada na poda de uma árvore. Seu Beto olha com grande saudade e admiração para a edificação que nem mesmo a maior alagação vivida em 2015 o fez sair dali.
Esse foi um breve passeio pela cidade e espero ter ajudado a matar a curiosidade de muitos, assim como eu matei a minha e ela segue fazendo parte da história.