O Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) denunciou no Ministério Público Estadual (MPE) a péssima estrutura da Maternidade Bárbara Heliodora que funciona sem médicos suficientes para atender as demandas da UTI neonatal e os partos. O aparelho de ultrassonografia está com defeito e não pode apresentar com exatidão a situação dos fetos e das gestantes, elevando o risco.
A situação precária, que há anos é de conhecimento dos gestores, vem se agravando, pois, além da falta de pediatras e obstetras, não existe na relação de plantonistas cirurgiões, ortopedistas, neuropediatras e fonoaudiólogos. Ainda a falta de pessoal suficiente resulta em um dilema em que o profissional precisa escolher qual o paciente, em estado crítico, deve atender primeiro, o que potencializa ainda mais a ocorrência de mortes.
As cânulas, usadas para entubar recém-nascidos, oferecidas na maternidade são maiores (para adultos) causando lesões internas nas crianças. Uma parte da Maternidade está em obras há três anos. Os profissionais com contratos precários estão preferindo pedir demissão, enquanto o governo do Estado não contrata os aprovados no concurso público.
Para o presidente em exercício do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC), Guilherme Pulici, o tratamento dado a classe, as gestantes e as crianças é semelhante a um campo de concentração, em clima de guerra.
“Os gestores deveriam ser processados e punidos por todas as mortes e pela falta de estrutura. O médico fica esgotado, sofrendo com tantas atrocidades cometidas por esses administradores, que ignoram a população e os profissionais”, afirmou o sindicalista.
O Sindmed-AC ainda constatou a falta de medicamentos essenciais e que a Maternidade deveria disponibilizar, como a dexametasona (anti-inflamatório), remádio que os pais acabam sendo obrigados a comprar. Faltam antibióticos, faltam luvas, óculos, escova de higienização pós-cirúrgico, faltam vagas na UTI, faltam leitos na enfermaria, falta segurança para as pessoas que frequentam a unidade de saúde e para os trabalhadores.
“Toda essa rotina estressante e perigosa para os pacientes e profissionais está sendo denunciada ao Ministério Público para que os gestores sejam responsabilizados pela omissão”, protestou o presidente em exercício.
Todos os problemas já levados para o governo do Estado e que ainda não foram resolvidos serão tema de uma nova assembleia geral da categoria que poderá deliberar por greve caso não haja o imediato atendimento de todas as reivindicações dos médicos.
“Vamos convocar a classe que deverá deliberar ou não pela greve. Todos estão cansados de tanta enrolação. Foram feitas dezenas de reuniões, mas até o momento a equipe técnica da Secretaria de Estado de Saúde ainda não apresentou respostas”, finalizou Guilherme Pulici.
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