É fácil conquistar
amigos. Basta uma tarde tranquila em local aprazível, na natureza, para se
dispor à troca de gentilezas e a um bate-papo amistoso. Ah, como me lembro
deliciosamente daquele dia, tarde e uma noite juntos. A primeira emoção ao
trocar-se endereços, números de telefones, marcam-se outros encontros.
Se programar para
idas ao teatro, um passeio mais demorado no final de semana com as crianças
(primos e afilhados num futuro próximo) que, afinal, quase têm idades próximas.
É fácil iniciar novas amizades?! Alguns afirmam que basta um pouco de gentileza
e um sorriso, um aperto de mão, a quebra do gelo e pronto, temos alguém para
chamar de amigo.
No entanto, manter
as amizades é um grande desafio. À medida que passamos a nos conhecer melhor
uns aos outros, começamos a perceber defeitos, fragilidades de comportamento.
Horas a mais ao lado e descobrimos que o outro não é exatamente aquilo que dele
pensamos no primeiro momento, nos primeiros contatos.
Poeticamente e
literalmente os amigos são jóias delicadas. Quanto mais velhos, mais preciosos.
Por vezes, substituímos os velhos por novos amigos. Afinal, é comum os mais
velhos se fazerem saudosistas e se tornarem cansativos.
Ser gentil com os
amigos idosos é questão de sabedoria porque, se a morte não nos colher antes,
também envelheceremos e seremos como eles. Saudosos e desejando ardentemente
não ficarmos sós, assim eu penso que deveria ser tanto fosse a idade, mas o
sentimento deveria fluir mais facilmente e com maior intensidade.
Um amigo é peça de
alta tradição e deve ser conservado. Mesmo porque juntos enfrentamos tantas
adversidades e coisas que pessoas consideradas “normais” não aceitariam ou no
primeiro choque que tivessem, pularia fora e cada um por si, e Deus por todos.
No trato com os
amigos, importante que não cedamos à tentação de retalhar a vida alheia com o
punhal da crítica contínua e da ironia, porque eles pensarão que fazemos o
mesmo em relação a eles, quando não estamos juntos. E não deixam de ter razão.
Não vamos ser pessimistas, semeando desesperança e aumentando ainda mais a
dureza da vida dos nossos amigos. Sempre disse que tenho sorte em ter poucos em
quem confiar, mas os mais leais e verdadeiros que eu não pensei em desejar.
Vamos nos tornar
um porto onde a alegria distribua consolação. Valorizemos o sorriso sem nos
tornarmos artificiais. Sejamos um campo onde as flores da esperança estejam
presentes para espantar o desânimo e o desencanto dos nossos amigos. Muitas
vezes a gente se envolve tanto com outras pessoas junto com os amigos que ao
vermos um sorriso em seu rosto, achamos que esta tudo bem, mas esquecemos de
olhar mais a fundo para quem esta do nosso lado. Às vezes essas pessoas
precisam tanto da gente que quando nos tocamos, já é tarde demais.
Ninguém vive sem
amigos. Eles são como anjos nos caminhos dos homens. Assim os poetas e
filósofos afirmavam. Mesmo Jesus, o Mestre Divino, não deixou de ter amigos.
Para o Seu ministério destacou doze companheiros e lhes ensinou as lições mais
profundas do que Ele sabia e vinha de Deus.
Abandonado à hora
do martírio por eles, não deixou de aceitar o auxílio de um Cireneu, que se fez
amigo naquela hora, ajudando-o a carregar o peso do madeiro. À hora dos
sofrimentos mais intensos, na cruz, aceitou no ladrão que lhe pediu auxílio, o
amigo retardatário que se candidatava ali mesmo, a marchar com Ele, em busca do
Reino de Deus.