Uma das grandes vantagens das
mulheres sobre os homens sempre foi e será a coragem, o destemor, de chorar em
público. Se o choro vem, as mulheres não congelam as lágrimas, como os pobres
rapazes que não choram, nem mesmo quando a mulher amada vai embora... Não
guardam as lagrimas para depois, como nós, que sempre adiamos as cachoeiras
interiores, não levam as lágrimas para derramar escondidas na alcova.
Não existe nada pior e terrível
do que um homem que não chora nunca. Além de fazer mal ao coração, esse tipo
não merece muita confiança. As mulheres não, a maioria das fêmeas desaba em
qualquer canto e hora. Se a motivação for causada por amor, choram na firma, no
escritório, choram no transito, elas simplesmente desabam.
Como invejo as lágrimas sinceras
das moças. Quantas vezes a gente não se preserva, por fraqueza, enquanto as
lágrimas, em queda d´agua, batem forte no peito machista e viram apenas pedras
do gelo do uísque.
Confesso sentir uma ponta de
inveja das mulheres que misturam sim o trabalho com o drama furioso da
existência. Desconfio da frieza profissional, das corações gelados que usam
salto alto, ou administram gabinetes que imitam os piores homens e guardam tudo
para molhar o travesseiro solitário numa noite de friagem, onde nem o cobertor
do formigão resolve aquecer.
As mulheres podem ser
infinitamente poderosas, musas, divas, gostosas e administrar plataformas de
petróleo nos mares e chorar um atlântico diante de uma alma cachorra, de uma
alma vira-lata e sem cuidados.
Solidarizo-me com essas lindas e
comoventes mulheres que choram em público, nas ruas, nos restaurantes, nos
busões. São antes de tudo umas fortes. Triste dos que estranham ou ficam
envergonhados com o mais verdadeiro dos choros. O medinho do machão diante do
pênalti que vale uma vaga no torneio da dignidade.
Triste dos que não levam a sério,
que tratam como sintomas da TPM e chiliques do gênero, que fracasso. Ora, até
mesmo os choros de varejo, não importam as causas, são comoventes. Chorar
engrandece. Fazer amor depois de lágrimas, então, é sentir o sal da vida sobre
os olhos, romanticamente, sem medo de ser ridículo, brega, cafona, São Waldick
nos proteja.
Chorar faz bem ao corpo, faz bem
a mente e ao coração.
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