Ah, as festas juninas! Tempo de quadrilhas, fogueiras, balões e, claro, desilusões amorosas que queimam mais que qualquer rojão. Nessa temporada festiva, o coração vira balão de gás hélio, flutuando alto com promessas de amor eterno, só para ser estourado com um alfinete afiado de realidade.
Nas noites frias de junho, a gente se aquece ao redor da fogueira, mas o calor que realmente procuramos é o de um abraço apaixonado. Entre uma dança e outra, trocamos olhares tímidos, sorrisos marotos e, quem sabe, até um beijo roubado. Mas cuidado! Assim como a fogueira, essas paixões de São João podem arder intensamente e, de repente, se apagarem, deixando apenas cinzas e lembranças.
Quem nunca se encantou por alguém ao som da sanfona, no meio de uma quadrilha bem animada? É nesse cenário que os corações desavisados se encontram, e os olhos brilham mais que os fogos de artifício. O problema é que, assim como as bandeirinhas coloridas que enfeitam o arraial, esses amores são efêmeros. Duram uma noite, um fim de semana, e depois se desmancham como um bolo de milho mal feito.
E quando vem a desilusão? Ah, essa dói mais que um tropeço no caminho da roça. A gente fica ali, olhando para a fogueira que já foi vibrante e agora não passa de brasas moribundas, refletindo sobre o amor que parecia promissor, mas que se perdeu na dança dos compromissos e no passo-torto das expectativas.
Há quem diga que a magia das festas juninas está justamente nessa efemeridade, nesse sabor agridoce de um amor que nasce e morre sob o mesmo céu estrelado. Afinal, é nas quadrilhas da vida que aprendemos a cair e levantar, a rir e chorar, a amar e desapegar. Cada passo em falso, cada descompasso do coração, nos ensina um pouco mais sobre nós mesmos e sobre o outro.
Mas quem disse que é fácil? Coração partido é coração partido, não importa quantas bandeirinhas enfeitem o céu. A dor é real, e a saudade também. Saudade do cheiro de milho assado, do toque suave da mão no meio da dança, do som do riso compartilhado no meio da festa. Saudade de um amor que se foi tão rápido quanto veio, deixando um gosto de quero mais.
Então, nas próximas festas juninas, vamos nos preparar para o que vier. Para os amores que acendem e apagam, para as paixões que nos fazem flutuar e depois nos derrubam de volta à terra. Porque, no final das contas, é disso que são feitas as melhores histórias de São João: de corações partidos, de amores impossíveis, de desilusões que se transformam em memórias inesquecíveis.
E quem sabe, entre uma quadrilha e outra, não encontramos um amor que dure mais que a festa? Afinal, se há uma coisa que aprendemos com as festas juninas, é que o próximo arrasta-pé sempre traz novas possibilidades, novos olhares, e quem sabe, uma nova chama para aquecer nosso coração.
Victor Augusto N. de Farias é jornalista, radialista, acadêmico de direito, rotariano, empresário e apresentador do Norte Agro (Acre).