Um dos maiores e mais antigos seringais, o seringal Panorama fica localizado em Rio Branco, que com o passar do tempo, troca a distância pela modernidade humana de quem escolheu essa região tranquila para morar.
É nas fazendas São Raimundo e Nova Esperança uma área com pouco mais de 120 mil hectares de terras de heranças e que também foi palco da história do Estado do Acre, que encontramos diversos tanques e açudes que são criados peixes e Búfalos.
Um dos proprietários e herdeiros dessas terras é o Elias Barbosa, um dos que apostou na criação do búfalo e fala um pouco do seu valor.
“Sou um cara que veio do nada. Minha história começa ainda nos meus avôs que chegaram aqui em 1910 para desbravar uma das maiores riquezas da Amazônia que era considerado o ouro branco, o látex. Aqui constituiu família, meu pai já nasceu aqui e com o falecimento do meu avô ele tocou o negócio da seringa até a queda da Borracha. E aí ele continuou aqui na mesma área com agricultura e por meio desse trabalho formou 11 doutores, esse cara que eu tenho muito orgulho de dizer que é nosso pai”, disse Elias.
Com uma área muito boa de água, ele possui cadastrado dentro da Fazenda São Raimundo e Nova Esperança 120 mil hectares com muita água com proporções de cadastrar mais. Devido já possuir a estrutura montada, o produtor decidiu consorciar o boi branco, o nelore.
“Nós mexemos com vaca e passamos a trabalhar com o bubalino, porque foi em 1998, que a gente passou a investir no búfalo como uma forma de consorciar, se tem água, búfalo gosta de água então vamos trabalhar a água e na época era coisa muito difícil, havia poucos criadores de búfalo aqui e quem tinha só dava informações negativas do búfalo. E com curiosidade para isso a gente foi investindo a fundo nisso, onde hoje nós temos uma boa rentabilidade do búfalo que tem mantido a gente e o peixe”, destacou o produtor.
Barbosa explica que se não fosse a comercialização dos búfalos, a fazenda estava no vermelho devido à crise em que se encontra o mercado da carne do gado nelore.
“O búfalo com a crise em que se encontra o mercado da carne, os frigoríficos acabam comprando um animal de excelente qualidade ao valor de vaca, embora a carne dele seja uma carne tipo classe A mas ele quando vem para o frigorífico, ele compra da gente preço de vaca que não é uma classe A é classe B ou C. O búfalo hoje se usa o sangue, se usa couro, tudo pode ser beneficiado, a farinha de osso que vai pro peixe, o que usamos para manter a nossa piscicultura como alevino, piau e curimatã” ressalta o proprietário.
Com o reaproveitamento do osso que vira farinha e é utilizado como ração, tudo isso se produz alimentos locais que vão parar na mesa do consumidor.
“Cada dia mais investindo no búfalo, pois chegou um ponto que o frigorífico queria mandar no valor dos animais, começamos a trabalhar a apartação do búfalo, o ano passado eu vendi a apartação do meu búfalo a três mil reais, com sete meses eu tinha que marcar com antecipadamente para as pessoas, isso para garantir que as pessoas que forem comprar não fiquem sem”, frisou o empresário.
Com o crescimento da criação de búfalo, muitas fazendas em Rio Branco passaram a criar o animal. Mas por que será que o acreano não consome a carne do bubalino? O criador explica.
“Segundo os estudos sobre o búfalo, o leite dele tem doze vezes mais proteína que o leite natural do Nelore, do que o holandês, o gado branco mesmo né. E essa questão da proteína é muito importante porque as pessoas procuram muito pela parte da proteína devido não ter muita gordura, então qualquer pessoa pode tomar normalmente sem ter problema de colesterol ou outras coisas. Mas por que ninguém vê carne de búfalo no mercado? O acreano em si, ele só come vaca, a classe A vai toda para fora do estado”, informou Barbosa.
A matéria foi uma das primeiras a ser exibida no programa Fala Amazônia da Tv Norte Acre, emissora filiada ao SBT, na terça-feira, o produtor ligou para a equipe de reportagem informando que vendeu todo o seu rebanho em campo e os animais em confinamento também já foram vendidos e aguardando apenas o amadurecimento do animal para o embarque.