Começo esse texto respondendo a questão do título: ser mulher no mundo dos negócios é extremamente desafiador, contudo é muito gratificante.
Eu diria que é desafiador, pois mesmo com tanta evolução na sociedade em relação a mulher no mercado de trabalho, ainda nos deparamos com inúmeras situaçōes deprimentes e revoltantes.
Falo por mim, sou empreendedora há 4 anos. Abri o meu negócio aos 22 anos e desde então descubro todos os dias como, nós mulheres, temos que batalhar pelo nosso espaço e respeito.
E se nesse momento passou pela sua cabeça que pode ser exagero da minha parte ou mimimi de Dia das Mulheres, vou compartilhar alguns episódios que aconteceram recentemente.
Episódio 1: "Tem uma mulher aqui na reunião? Nem vejo".
Há 1 mês, fui apresentar um projeto para dois potenciais clientes, porém não fui sozinha. Estava acompanhada de um profissional homem que naquele momento tinha menos informaçōes do projeto do que eu.
Eu estava lá com o discurso pronto e todas as estratégias elaboradas. E adivinha só? Os clientes não olhavam para mim! Eles só tinham olhos para o meu parceiro de trabalho. A impressão que dava é que eu nem estava presente na sala de reunião.
Quando eu falava, eles não prestavam atenção e não conseguiam manter o olhar em mim. Já quando meu parceiro falava, gerava interação e questionamentos positivos.
E mesmo o meu parceiro repetindo que a estratégia era minha e que a empresa era minha, eles continuaram me ignorando. Pois é, até ele ficou incomodado e constrangido com a situação.
Sai da reunião me sentindo uma ninguém, mesmo após ter virado a noite estudando e montando aquele projeto.
Episódio 2: "Seu chefe contratou uma mulher bonita que você pra vender mais?"
Há 2 anos, fui fazer uma reunião de venda em uma grande empresa de São Paulo. Ao chegar lá, o CEO logo me disse: "Nossa, o seu chefe mandou bem na contratação, mulher bonita assim vende mais mesmo".
E no mesmo instante, sem que eu pudesse responder, os seus colegas repetiram "Concordo, tá de parabéns hein, nos passa o contato do seu chefe".
E eu só respondi: "Obrigada pelo elogio da estratégia de contratação! A chefe sou eu mesma".
Confesso que eles ficaram bem sem graça com a minha resposta, mas mesmo assim não tiveram respeito. Durante a reunião houveram várias piadinhas sobre trabalhar com mulheres bonitas, do tipo "Eu não conseguiria me concentrar".
Mais uma vez, sai de lá me sentindo uma ninguém e com um nojo sem explicação depois de ter recebido olhares de assédio em 1 hora de reunião, que era pra ser algo extremamente profissional.
Episódio 3: "Esse seu decote é uma estratégia de marketing?"
Acho que essa questão foi uma das que mais me doeu ao ouvir. Pois é, um homem me perguntou isso de uma maneira formal, sem nem sequer aparentar ser uma brincadeira de mau gosto.
Desde que me conheço por gente, sou extremamente vaidosa, uso decotes, amo me arrumar e me sentir bem comigo mesma. Sempre usei looks que valorizavam o meu colo, seja na vida pessoal ou profissional. É claro que no âmbito profissional seguia os decotes mais "apropriados" para o dresscode da situação.
Porém, eu jamais pensei em colocar um decote para me vender mais ou gerar algum impacto em qualquer contexto.
Ouvir isso partiu meu coração, pois hoje eu só sou estrategista digital porque estudei muito. Me formei na área, fiz diversos cursos livres e ainda me pós graduei na Europa.
Desde quando eu precisaria de um decote para conquistar algo?
O que me faz conquistar tudo o que tenho é a minha disciplina, garra, determinação, ousadia, empatia, inteligência emocional e amor pelo que faço.
Meu gênero e minha aparência não significam nada e não anulam a minha competência.
Se você é mulher e já passou por situaçōes assim, vamos nos unir e usar a nossa voz!
Te convido a se juntar ao nosso movimento: basta publicar uma foto sua com a roupa que quiser e usar a hashtag #MeuDecoteNaoéMarketing ❤️
Paola Brescianini