Não é segredo para ninguém que o vírus que interrompeu diversas vidas, que colocou muitas pessoas lutando contra a morte nos leitos do hospitais e infectou milhões ou continua a contaminar diversas pessoas pela falta de noção do perigo, que abalou a economia e geração de emprego continue sendo desrespeitada.
Em alguns casos, personalidades mais fervorosas começam a gerar outro vírus, a disseminação de um suposto preconceito contra quem tem fé. Me parece que o ódio tão combatido durante as pregações, ministrações e explanações vem ganhando força contra o amor. Para onde estão levando o amor ao próximo? O momento não seria de salvamos vidas ao invés de coloca-las em perigo?
Para o momento só me recordo da parábola do amor, onde foi anunciado que certa localidade sofreria a maior tempestade e devastaria a região. Muitos saíram em busca de abrigo em outras localidades até que fosse seguro. Um homem se dizendo mais ter mais fé do que os outros ficou, afinal, Deus o salvaria. Passaram carros chamando o homem e ele disse que Deus o salvaria. A inundação entrou na sua residência e ele dispensou o barco, assim como fez com o helicóptero que tentou resgata-lo no teto da casa. Ele morreu e questionou a Deus, o motivo dele não ter sido salvo. Deus respondeu que mandou todos os sinais e mesmo assim ele ignorou a salvação.
Em um momento tão delicado que não se sabe nem como retornaremos as aulas para evitar que crianças e suas famílias venham adoecer e morrer, muitos tentam usar uma dose de ódio disfarçando com aroma de amor.
A postura da igreja católica está sendo a mais coerente e bíblica,
pois o Deus vivo habita dentro de cada um de nós e onde houver duas pessoas ou
mais, lá ele estará. Precisamos acreditar nas autoridades e esperar, pois Deus
está mandando sinais da salvação e alguns tentam fechar os olhos dos outros com
a mesma cegueira.
Segue a nota da Diocese de Rio Branco
NOTA DA DIOCESE DE RIO BRANCO
A Diocese de Rio Branco vem a público manifestar o seu
posicionamento, acerca da reabertura das igrejas e templos religiosos, neste
tempo de tantas incertezas e contradições.
Conforme os dados do IBGE, os católicos somam mais de 51% da população do Acre. Desse total, mais da metade reside no território da Diocese de Rio Branco, que abrange a capital e mais 13 municípios do interior do Estado, além do município de Boca do Acre, no Amazonas, e os distritos de Extrema e Califórnia, em Rondônia.
Desde o dia 18 de março de 2020, antes mesmo do primeiro decreto do Governo do Estado, tomamos a difícil decisão de manter as nossas igrejas fechadas. Desde então, submetemo-nos às decisões do Governo, no que se refere às medidas para enfrentamento da pandemia, sem criar mecanismos para driblar a lei e, procuramos seguir todas as orientações das autoridades sanitárias. Em nenhum momento pressionamos o Governo ou as prefeituras, para acelerar o processo de reabertura das igrejas, porque acreditamos que ainda não é o momento para isso. Ademais, o “efeito sanfona” de abrir e depois ter que fechar, poderá trazer perdas irreversíveis para o nosso povo.
Quatro meses se passaram e, durante esse período, testemunhamos o crescimento dos números da COVID-19 e choramos as perdas de muitas vidas, inclusive, de muitos agentes de pastoral de nossas comunidades. Temos convivido diariamente com as incertezas e estamos todos cansados e ansiosos. Não ignoramos a grave crise econômica que acompanha a crise sanitária, tampouco estamos imunes a ela. Porém, precisamos ser prudentes e sábios, para não nos deixarmos ser conduzidos por outros interesses, pois nosso interesse principal sempre será a defesa da vida acima de tudo.
Reconhecemos o esforço das nossas autoridades constituídas,
e confiamos na capacidade técnica dos profissionais envolvidos no
enfrentamento da COVID-19, que dirão a hora mais segura para darmos o passo de
reabertura das nossas igrejas. Enquanto isso, vamos nos reinventando para
manter vivas a fé e a esperança do nosso povo, sem, contudo, colocar em risco
as suas vidas.
Que Deus abençoe, com o dom da sabedoria, todas nossas
autoridades, para que trabalhem sempre em favor da vida de nosso povo!
Rio Branco, 20 de julho de 2020