A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça, 30, a "Operação Citricultor", que investiga possível prática de crimes eleitorais, entre eles associação criminosa, apropriação indébita, desvio de recursos eleitorais, fraude na prestação de contas (caixa dois eleitoral) e lavagem de dinheiro, além de coação no curso do processo.
De acordo com informações da assessoria, 68 policiais
participam da operação e estão sendo cumpridos 16 mandados de busca e apreensão
e 1 mandado de medidas cautelares diversas da prisão, em Rio Branco e Rodrigues
Alves, além de oitivas de testemunhas e investigados.
As investigações demonstram que membros do diretório estadual
do PSol teriam ocultado, disfarçado e omitido movimentações de recursos
financeiros oriundos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (Fundo
Eleitoral), especialmente os destinados às candidaturas de mulheres. Durante o
curso das investigações, teriam, ainda, coagido testemunhas, usando de
violência e grave ameaça.
Conforme determinação do TSE, 30% dos valores do Fundo
Eleitoral devem ser empregados na campanha de candidatas do sexo feminino.
Entretanto, há indícios de que os valores foram aplicados de forma fictícia,
apropriados indevidamente e desviados para outras finalidades.
Uma possível candidata laranja teria recebido mais de
R$120.000,00 do Fundo Eleitoral, mas recebeu apenas 358 votos. Outras
candidatas teriam recebido mais de R$ 13.000,00, tendo obtido aproximadamente
20 votos cada uma.
Em alguns casos, verificou-se que uma das candidatas fez
campanha eleitoral para outros candidatos e até para “adversários” de outra
coligação, bem como que familiares e cabos eleitorais contratados fizeram
propaganda para outros concorrentes.
Observou-se, ainda, o pagamento de locação de vários
veículos, mas as despesas com combustíveis registradas nas prestações de contas
indicam que os aluguéis foram fictícios, tendo em vista a incompatibilidade da
quantidade e do tipo de combustível dos veículos alugados com aqueles
efetivamente adquiridos.
O nome da operação faz referência ao “profissional” que
produz frutas cítricas, característica da expressão “candidaturas-laranja”, que
se popularizou para denominar as candidaturas fictícias utilizadas somente para
desviar as verbas do fundo partidário.
Em coletiva a delegada Diana Calazans, juntamente com a
delegada Larissa Magalhães e o delegado Pedro Ivo informaram que a operação
surgiu a partir da denúncia de uma mulher, que não sabia nem que era candidata
e teve valores movimentados por essa suposta candidatura.
“Através de denúncia feita por esse suposta candidata,
verificamos que existiam contraversões nas prestações de contas feitas das
eleições de 2018, onde pontos como combustível, gráfica entre outras estão
sendo apurados se foi utilizado para beneficiar outras candidaturas ou se foi contraído
por essas pessoas”, disse Pedro.
O partido recebeu o valor de R$ 545 mil de repasse do fundo
eleitoral e os valores distribuídos entre as candidaturas não justificam o número
de votos.