Os ataques sofridos pelo PV nos dias
de hoje são uma demonstração clara de que o Partido dos Trabalhadores tem
dificuldade de conviver com diferenças na sociedade. Seu espírito autoritário
dificulta qualquer possibilidade de ser referência em experiência de
procedimentos e comportamentos democráticos. Seu testemunho deixa um triste
rastro de insatisfação de aliados no processo de conquista do poder,
egocentrismo ao tomar decisões, e na apropriação do domínio das ferramentas e
dos mecanismos pelos quais se desenvolvem uma gestão.
Para ser claro, o PT quer tudo
debaixo de seu total controle. Essa é sua verdadeira face: O totalitarismo. Não
sei como alguns partidos conseguem se manter diante de tanta arrogância, e ser
tão subservientes por tanto tempo. O que mais me tranquiliza é que tudo passa e
que ninguém, por mais que seu carisma de influência seja grande, submete por
todo o tempo pessoas debaixo de seus pés sem que haja resistência nalgum
momento.
A cultura do totalitarismo tem que ser vencida na sociedade, e é urgente que se estabeleça outro processo político que restitua situações possibilitadoras de democratização de nossas relações. Estou preocupado com essa ambição explícita do PT em se perpetuar no poder. O que percebo é uma clara intenção de num futuro bem próximo sermos surpreendidos com uma tomada de poder que nos leve ao triste desatino da volta de regimes totalitários. Vejo esse cenário sendo preparado em todas as esferas da sociedade.
O PT não veio pra brincar de fazer
política. Ele tem muito claro o que quer para o Brasil. Quem não descortinar
seus interesses, como vai ver sua face oculta? Como primamos pela democracia,
temos que respeitar seu direito de ser e se expressar na sociedade.
Todavia, não abrimos mão de termos nossos espaços políticos garantidos nos
movimentos de resistência a esse modelo autoritário de governar. Ocupar os
espaços políticos de poder na sociedade pra quê? Ora, nenhuma força se propõe
em participar do processo político sem ter definido uma pauta programática em
torno de um arcabouço ideológico e filosófico fundamentado numa concepção de
mundo e de homem. O que ignora isso aparece simplesmente para comercializar
siglas e fortalecer os que já detêm a hegemonia na sociedade.
Particularmente me incluo nesse
movimento que se apresenta com o objetivo de construir uma sociedade fundada
nos pilares fundamentais da democracia. O que percebo, é uma exigência
histórica de rompimento de comportamentos presunçosos, de controle absoluto de
todos os segmentos da sociedade. Pelo que vemos na história, o melhor é
superarmos modelos autoritários de governo e avançarmos na edificação de novas
relações democráticas: imprensa livre, órgãos de fiscalização e controle
exercendo seu poder de monitorar; movimentos sociais com autonomia e
completamente desaparelhados dos poderes, pois sua força são os
representados; a oposição com seus espaços democráticos garantidos, e não sendo
tratada como inimiga. Penso que dessa forma, teremos um Estado democrático e de
direito comprometido com uma nova civilização, com a dignidade humana e a
felicidade de todas as pessoas.
Quando escrevo sobre isso, trago
entre tantas outras coisas, a elucidação das marcas do que é um Estado que traz
na sua história os traumas gerados pelos erros de gestão, pela consequência do
autoritarismo, do culto ao personalismo, às super estrelas, da obediência cega,
do silêncio e do barulho oculto no recôndito das pessoas, do fisiologismo nas
suas múltiplas formas de aparecer na sociedade, e da grande máscara que esconde
a vergonha do endividamento com instituições financeiras, da dívida histórica
que o Brasil tem com os mais necessitados e injustiçados, e a dívida que ele
(estado) tem com a ética que exige politicamente e constitucionalmente o
cumprimento dos compromissos assumidos perante a sociedade.
Além de outros exemplos, como prova
do que estou falando, padecemos na pele uma intervenção no nosso partido - PV
Acre - que ao mesmo tempo em que revela ferimento nos princípios elementares da
democracia, mostra o nível de absurdo em que o poder dominante pode
mostrar. Quando é violado a um partido, um sindicato, uma igreja, um jornal, ou
a uma pessoa o direito de exercer sua liberdade de expressão é porque
chegamos ao limite, e o sinal amarelo foi acionado. Nessa situação é melhor dar
uma parada, refletir a fim de compreender o contexto e construirmos uma nova
realidade. Se um governo é do PT, o seu direito está em viver a história do seu
partido. Deixe que a história dos outros partidos aconteça com seus
protagonistas. Não use a força do poder político para impedir que outras forças
conquistem seus espaços. Isso é da democracia.
A despeito da nossa militância na
história, pare de achar que vamos manchar nossa biografia e ideologia. Até
porque o que acreditamos é tão sério que renunciamos projetos pessoais,
empregos, sossego, vaidades, poder pelo poder em nome de uma causa que é a
promoção da vida e vida em abundância. Não abrimos mão da sustentabilidade como
modelo de desenvolvimento e faremos o necessário para que a democracia tome seu
lugar no Estado Acriano. Particularmente, no que concerne a legalização do
aborto, das drogas, prostituição, homossexualismo sou contra, e no PV tem uma
cláusula de consciência que me garante ter posicionamento em defesa da vida
desde a concepção, da família cristã e da liberdade religiosa. O Estado é
laico, sei disso, mas a nação é cristã e isso tem que ser considerado. Já me
manifestei sobre isso. O Brasil é plural, diverso e entendo que o contexto
existencial em que estamos, impõe o respeito, a tolerância e o amor como
valores indispensáveis a uma nova civilização. Se um dia o PV não for isso ele
será o que o PT está sendo hoje, então certamente não farei mais parte dessa
história. E viva a democracia! Viva a vida!
Henrique Afonso - Deputado Federal PV