O que fazer quando se é gongado(a) pela pessoa
amada vai embora, levando junto seu coração e alma?
Como é que se esquece? A primeira coisa que me veio
à cabeça foi copiar aqui a receita do miojo, como fez o sábio menino do Enem.
Ou quem sabe o hino do Timão, talvez seja o mais dramático e bonito de todos.
Mas como é que se esquece alguém que se ama?
Há quem diga que a receita está explicita na letra
da música Boate Azul (na versão de Mato Grosso e Matias dói mais que na do
Bruno e Marrone), um amor só se cura com outro. No que caímos em outra
pergunta: mas como arrumar outro se o anterior não nos deixa nem dormir
direito, como se fosse um carnê atrasado com todas as prestações da existência?
Se existe uma grande farsa moderna é a tal da
crença que a fila anda. Anda tanto quanto a fila dos bancos em dias de
pagamento.
Há quem aposte em uma viagem exótica a outro país. Como
o no filme e livros Comer, Rezar e Amar. Uma farsa momentânea de deixar tudo
para trás e começar vida nova. Vida que termina na hora de retornar as antigas
atividades.
Outros preferem a receita mais simples, como a que
se encontra em cada esquina, capaz de usar a melhor psicologia de cara na lama
e dor nos cotovelos. Delicia de bebidas, regada nas ilustres companhias de São
Waldick e São Reginaldo. Coração de papel e garçom são as mais pedidas pelos
pacientes.
Ah quem prefira se sentir traído no pensamento que
a culpa pertence a outro. A negação é um dos primeiros sintomas, atribuir a
alguém é estratégico. Calma, desestresse com os métodos de Genival Santos bem
alto –“Eu hoje quebro essa mesa/se meu amor não chegar…”
Tem também os que preferem se enfiar no trabalho,
como houvesse alguma dignidade nisso. Há quem se entupa de tarja preta de
estima. Loucura contra si.
Nessa grave hora, descrentes jogam suas fichas e
dízimos no conforto das religiões. Uns viram fanáticos e juram-se curados.
Acontece.
“As pessoas
têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de
ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar. (Miguel Esteves Cardoso)
Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É
preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra
pode ficar-lhe para sempre.
Podem pôr-se processos e ações de despejo a quem se
tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores brigas de foices,
mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas!
Tudo se resolve como tempo!!! Chora, disfarça e
chora, pois assim caminha a humanidade.