Você já
percebeu que há pessoas que nos exigem um pouco mais de esforço para serem
amadas?
Enquanto alguns têm acesso fácil ao nosso coração,
conferindo-nos alegria e prazer em compartilhar o convívio, outros nos
solicitam empenho pessoal para poucos momentos de relacionamento.
Nós os encontramos no ambiente de trabalho, no seio
familiar, na vizinhança ou nas relações sociais mais diversas. Trazem valores
que não são compatíveis com os nossos, têm atitudes que nos desagradam, usam de
linguajar que nos parece inadequado. São esses que nos exigem esforço para que
os possamos amar.
Porque ainda caminham distantes das estradas que
elegemos para nós mesmos, a convivência com muitos deles nos parece um grande
sacrifício. Porém, quando Jesus nos ensina que devemos amar os nossos inimigos,
é a esses também que o Mestre se refere.
Muitas vezes, imaginamos que inimigo seja somente
aquele pelo qual nutrimos ódio, desejo de vingança, rancor profundo. É verdade
que esses o são. Porém, esses outros, os que ainda não conseguimos amar e
querer bem, representam o mesmo convite que a vida nos faz para aprendermos a
amar.
É verdade que, de rompante, não conseguiremos
tê-los como amigos, recebendo-os na intimidade de nosso lar.
Não será em alguns dias que os teremos abrigados em
nosso coração. E nem ocorrerá da noite para o dia a transformação de nosso
sentimento, de um antagonismo intenso para a simpatia irrestrita.
Porém, à medida que entendemos o ensinamento de
Jesus, temos condição de dedicar algo mais do que nossa antipatia, a esses que
nos parecem pedras de tropeço na jornada. Assim, à medida que procuramos
compreender sua limitação, a tolerância começa a compartilhar espaço onde antes
só havia implicância.
Quando conseguimos perceber seus dramas íntimos, a
impaciência perde lugar para a indulgência. Quando conhecemos um pouco de suas
histórias de vida, seus dramas e dificuldades, as palavras ríspidas vão sendo
substituídas pelo silêncio, quando não, por palavras de apoio.
É assim, no exercício da aproximação sadia, da
compreensão do próximo, que o amor inicia seu trajeto. Inicialmente se faz na
forma de algumas virtudes, que lhe são filhas diletas, como a benevolência, a
indulgência, o perdão.
Aos poucos vai ganhando forma, permitindo uma
convivência mais salutar e enriquecedora. Por fim, na medida em que permitirmos,
o sentimento se transformará em empatia e compreensão.
Portanto, nessas relações difíceis que se
apresentam em nossos caminhos, percebamos o grandioso convite que a vida nos
faz para exercitarmos o amor ao próximo. Mesmo sabendo que ainda uma longa
caminhada nos espera até que aprendamos, efetivamente, a amá-los, será nos
pequenos passos de hoje que conquistaremos esse amor para com esses difíceis de
amar.
Exercitemos o amor.
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